Será que vivemos numa oligarquia?
A única certeza de que verdadeiramente o povo português parece ter é de que o seu País durante quase 50 anos foi governado por um regime ditatorial de extrema-direita ao qual, após o 25 de abril de 1974, também o designaram de fascista, palavra desconhecida até então pela esmagadora maioria dos portugueses.
Agora, de que o novo regime implantado em Portugal, seja uma democracia ou, um mais ou menos alinhavado, socialismo-democrático, nunca ficou na prática muito provado, ao longo deste meio-século.
E se sempre tivemos dúvidas, neste momento além de dúvidas, temos sérias preocupações.
Após informação, declaração, ou lá como queiram classificar, do BANCO DE PORTUGAL, de que no final de 2024 os depósitos bancários das famílias portuguesas atingiram o maior valor alguma vez verificado, situando-se em 192,7 mil milhões de euros, (mais 12,9 mil milhões dos apurados no final do ano de 2023,) apoderou-se de nós uma suspeita extremamente grave sobre o verdadeiro regime político existente em Portugal.
Como é que um País com cerca de 10 milhões de pessoas, que alguns políticos afirmam 4 milhões serem pobres, que todos os anos dezenas ou talvez centenas de voluntários se privam das suas vidas normais, para integrarem campanhas de solidariedade alimentar afim de levarem alimentos àqueles que pouco ou nada têm para comer, mais os que dormem ao relento por não terem um tecto que os abrigue, e os, provavelmente, milhares de casais e pessoas independentes com dividas aos bancos por empréstimos variados, alguns que levarão toda uma vida a pagar, pode ter na BANCA milhares de milhões de euros atribuídos a depósitos ou poupanças das famílias.
Não dá para entender. Salvo se, afinal, o regime vigente no País seja uma OLIGARQUIA, onde essas fortunas estejam na posse de um número restrito de famílias e de pessoas, como acontece na Rússia, por exemplo, e que é do conhecimento geral.
E que as toneladas de alimentos recolhidas pelas Associações humanitárias que envolvem muita dedicação e amor ao próximo, não sejam para carenciados portugueses, mas, porventura, para acudir os pobres da Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e outros mais países carenciados, digamos, numa solidariedade europeia de louvar.
Sinceramente, custa-nos escrever isto, mas há situações que não podemos deixar passar sem estas observações, nem que seja para que as pessoas mais distraídas tomem consciência daquilo que as rodeia.
Porém, todos esses depósitos podem estar certos, serem claros e transparentes, mas pelo que, todos os dias, vimos e ouvimos através da Comunicação Social sobre as mais variadas, tristes e confrangedoras situações de pobreza e dificuldades do nosso povo, mais o facto de andarmos nitidamente dependentes da EUROPA, com situações dramáticas em várias áreas, desde a precária SAÚDE à Habitação e ainda com o povo a reclamar sistematicamente por melhores salários para fazer face aos constantes aumentos do custo de vida , saber-se que os bancos estão a abarrotar de dinheiro correspondentes a valores milionários de depósitos das famílias, no mínimo é estranho e só nos apetece perguntar:
Que famílias? Quais famílias?
Perguntas, para as quais, presumivelmente, nunca teremos respostas.
Juvenal Pereira