Magna quer demissão de Castro se Chega perder deputados
Deputada passou a não inscrita até ao fim do mandato, mas tenciona manter-se no partido
Magna Costa diz que Miguel Castro deve se demitir da direcção do Chega Madeira, caso não consiga no próximo dia 23 de Março manter os quatro deputados conseguidos nas últimas eleições legislativas antecipadas do ano passado. A deputada, que informou a Assembleia Legislativa da Madeira que passa desde a passada segunda-feira a deputada não inscrita, garante que vai continuar a apelar ao voto no Chega, e que se vai se manter na força política. “Obviamente irei manter-me no partido”, afirmou.
No seu entender, qualquer presidente e qualquer líder de uma comissão política deve assumir a responsabilidade pelos resultados eleitorais e no caso do Chega Madeira, para a deputada, um mau resultado é perder deputados. “Os resultados irão ditar as condições ou não para continuar ou não a exercer a liderança do partido”, afirmou, lembrando que cabe aos líderes assumirem as consequências. “Penso que não seria diferente no Chega, excepto se ele não conseguir ler esse resultado”.
Mesmo que Miguel Castro se demita, não é certo que Magna Costa se vá candidatar à liderança. “Tenho de pensar muito bem sobre o assunto”, disse. Até porque explica que não faz sentido liderar um partido e ter um grupo parlamentar discordante. Mas lembra que no passado houve outras candidaturas e assegura que haverá alternativas.
“A gota de água”
Magna Costa assumiu ao DIÁRIO que pediu para passar a deputada não inscrita, com efeitos a partir de 10 de Fevereiro, porque atingiu o seu limite de tolerância ao que considera ser um destrato de Miguel Castro, e por não de identificar com comportamentos do líder e com nomeações que diz, às sempre se mostrou “de certa forma desconfortável”. Em causa está uma série de decisões do presidente da comissão política regional desde que a deputada votou em Julho contra, desalinhada do sentido de voto da bancada, no orçamento da Região para 2024.
Nas últimas semanas o diferendo tem-se agravado, com declarações proferidas publicamente. “Sexta-feira foi para mim a gota de água”, confessou, referindo-se às declarações de Miguel Castro feitas na rádio: “‘Quem é a deputada Magna Costa, que poder tem ou importância tem... Magna Costa foi uma deputada eleita em fim de mandato e não representa qualquer partido...’”.
A deputada que ocupou o segundo lugar nas eleições anteriores diz que sabe muito bem que o seu mandato está no fim. Lembra que estava no grupo parlamentar e nunca o tinha abandonado, mesmo quando, diz, teve “até motivos muito mais fortes” para o fazer. “Que eu saiba fazia parte de um grupo parlamentar, estou a representar um partido. Bem ou mal, tem a ver com a liderança do próprio. Como não sabe liderar, não soube gerir um grupo parlamentar, a demonstração foram as tristes declarações. (…) Foi o melhor que ele soube”.
A deputada explica que não saiu antes da entrega da lista porque não queria que associassem a sua saída ao um eventual descontentamento por não ser candidata pelo Chega às próximas legislativas. “Se tomasse uma decisão antes provavelmente iam pensar que estava ressabiada”.
Revela que antes de enviar o ofício à presidência da Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) dando conta da decisão enviou essa informação a Miguel Castro, não tendo recebido qualquer resposta.
Segundo a ex-candidata à liderança do Chega na Madeira, o também presidente da comissão política regional afastou-a de todo o conhecimento e de toda a actividade parlamentar. A decisão agora tomada vai no sentido de concluir o mandato “com a dignidade e o merecido respeito”.
Os serviços da ALM ligaram esta manhã para confirmar se efectivamente Magna Costa estava mesmo determinada, tendo confirmado. Mas garante: “Vou-me manter no Chega, salvo motivo maior”. “Agora se ele achar que o meu abandono é motivo de processo disciplinar, será mais um a acumular aos outros”, acrescentou. Mas formalmente não há qualquer processo nem a direcção nacional confirmou a existência de um antes desta decisão.
Neste cerca de um mês e meio até às eleições, diz que vai falar dos problemas da Madeira, procurar apresentar soluções e apelar ao voto. “Eu nunca me afastei do próprio partido nem daquilo que seriam as nossas bandeiras políticas. A verdade é que quem me tentou afastar do partido foi o próprio líder”, lembrou. E revela que vai fazer campanha: “Obviamente que eu acabo por fazer campanha, o apelar ao voto, as pessoas associam-me sempre ao próprio partido”. E continuou: “Não posso dizer não votem no Miguel Castro, seria incoerente dizer não votem no meu próprio partido”. Assumiu que ficará confortável nesse papel, que é, no seu entender, sobretudo de “cidadania e de responsabilidade”.
Magna Costa garante que não está magoada por não ter sido considerada a sua lista pela direcção nacional. A decisão terá as suas consequências, frisou. “Não vou dizer que vão ser negativas ou mais positivas. Esperemos que seja o mesmo. Obviamente se não for o mesmo, isso tem as consequências, mas para quem assim decidiu”, disse.