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José Manuel Rodrigues foi o candidato do CDS/PP às Legislativas Nacionais em 1995, um ano antes de assumir, pela primeira vez, o lugar de deputado na Assembleia Legislativa da Madeira. 
Regionais 2025 Madeira

O jornalista responsável

O DIÁRIO prossegue com as biografias dos cabeças-de-lista das candidaturas às Regionais antecipadas de 23 de Março

Pela sétima vez, José Manuel Rodrigues encabeça a candidatura do CDS/PP numas Eleições Legislativas Regionais, num somatório de 10 participações em sufrágios dessa natureza.

Conhecido de todos os madeirenses, desde a altura em que lhes entrava pela casa dentro através da televisão, então no papel de jornalista, o agora político a tempo inteiro apresenta-se ao eleitorado regional como alternativa, na esfera do centro-direita, vincando o "sentido de responsabilidade" que o partido tem tido em toda a crise política que marca o último ano e meio da Região.

Nos últimos anos tem ocupado o lugar cimeiro nos órgãos de governo próprio da Região, já que a cadeira de presidente da Assembleia Legislativa da Madeira foi-lhe atribuída, graças aos acordos que o partido tem firmado com o PSD/Madeira.

Mas quem José Manuel Rodrigues, o jornalista que deu ao CDS/PP Madeira a maior representação no parlamento madeirense, em 2011, ao eleger nove deputados, e que, entre avanços e recuos, tem feito parte da liderança do partido nos últimos anos?

José Manuel de Sousa Rodrigues nasceu a 13 de Julho de 1960, em Santa Maria Maior, no Funchal.

Jornalista de profissão, iniciou a sua carreira em 1978, no então ‘Jornal da Madeira’. Antes de chegar aos quadros da RTP, passou pela redação de vários órgãos de comunicação social, tendo sido, inclusive, correspondente, na Madeira, do ‘Diário de Notícias’ de Lisboa e do ‘Independente’.

Ribalta política e ascensão a líder dos centristas madeirenses

Foi no pequeno ecrã que ganhou maior notoriedade, antes de se destacar na política regional, isto em 1995, quando foi o cabeça-de-lista do CDS/PP pelo círculo eleitoral da Madeira, nas Eleições Legislativas nacionais.

Apesar dos 17.157 votos conseguidos (quase 13%), considerado um bom resultado, não chegou a ser eleito para a Assembleia da República, regressando às suas lides jornalísticas.

Mas, a sua ligação à política activa não era nova e começou em 1976, quando foi eleito o primeiro presidente da Juventude Centrista na Madeira. Dez anos depois, em 1986, foi um dos Mandatários jovens de Freitas do Amaral na candidatura deste à Presidência da República.

Em 1996, chega ao parlamento madeirense, eleito pelo CDS/PP, numa lista encabeçada pelo então líder, Ricardo Vieira. Desde essa data, não mais saiu da chamada ‘casa da democracia” na Madeira, garantindo uma cadeira nas Regionais de 2000, 2004, 2007, 2011, 2015, 2019 e 2023, chegando mesmo a assumir, por diversas vezes, o papel de líder do grupo parlamentar. Integrou, também, várias comissões especializadas.

Em 1997, um ano depois de ter sido eleito, pela primeira vez, deputado, chega a presidente do CDS/PP Madeira. Tinha em mente uma mudança do partido, tando na orgânica, como do ponto de vista do seu posicionamento político no panorama regional.

Ao DIÁRIO, o então candidato a líder mostrava-se empenhado em vincar bem o lugar à direita do CDS/PP no mapa político madeirense. Nessa altura, queria ver o partido liberto da imagem que o ligava ao PS, longe de imaginar que, anos depois, iria mesmo contribuir para a viabilização de um governo liderado pelo PSD/Madeira, de quem tantas vezes se apresentou como alternativa governativa.

Em 2011, a mudança de paradigma começa a dar ‘frutos’, já que o partido consegue a maior representação de sempre na Assembleia Legislativa regional, com nove deputados. Ne legislatura seguinte chega aos sete representantes da vontade dos madeirenses.

Passagem por São Bento sem fechar a porta no parlamento madeirense

Pelo meio, José Manuel Rodrigues ainda deu um ‘saltinho’ à Assembleia da República. Em Setembro de 2009 foi eleito deputado a São Bento, lugar que renovou nas eleições antecipadas de Junho de 2011.

De entre as várias posições que assumiu em Lisboa, ficou mais conhecido por ter votado contra o Plano de Ajustamento Financeiro para a Madeira, em 2012, e contra o aumento de impostos para a Região. “Negativo” e “insuportável”, era assim que José Manuel Rodrigues descria esse plano, lamentando a pouca solidariedade da República com os problemas dos madeirenses, avisando, de caminho, que os tempos seguintes seriam difíceis.

E para resgatar a Autonomia regional, que dizia estar hipotecada a Lisboa, o líder do CDS/PP Madeira chegou a propor uma união com os outros dois maiores partidos da Região, o PSD e o PS, no que chamou de ‘Compromisso em Defesa da Madeira’. Algo que nunca se concretizou formalmente.

No plano da Assembleia da República, destaca-se, também, da sua autoria, a proposta de extensão do subsídio de mobilidade ao transporte marítimo, aprovada por unanimidade.

Renunciou ao mandato em 2012. Rui Barreto foi quem assumiu o seu lugar em São Bento.

Regresso a casa para defender interesses dos madeirenses

De volta à Assembleia Legislativa da Madeira, ainda sem sonhar com a cadeira de presidente do parlamento, José Manuel Rodrigues dizia-se disposto a fazer ‘marcação serrada’ às políticas de Alberto João Jardim.

Na sua primeira intervenção após o regresso, o líder do CDS/PP propôs um governo de emergência regional, “composto pelos melhores quadros da sociedade madeirense, sem a presença de líderes partidários, chefiado por um presidente moderado, credível, com capacidade negocial e os pés assentes na terra, capaz de, em três anos, com o apoio parlamentar do PSD, do CDS, do PS e de outros partidos, retirar a Região deste atoleiro”.

Isto, na mesma sessão em que acusou o Governo Regional e Alberto João Jardim de “iludir os madeirenses” e de ter transformado a Madeira na “região mais pobre do País”. Essa postura não o livrou das críticas de vários partidos, sobretudo pelo facto de o seu partido integrar o Governo da República, mesmo que tanto Rodrigues, como Barreto, que o sucedeu em São Bento, tivessem votado contra o Orçamento nacional.

Em Outubro de 2013, foi eleito vereador para a Câmara Municipal do Funchal.

Afastamento da cena política anunciado sem concretização

Em 2015, José Manuel Rodrigues chegou a anunciar o seu afastamento da vida política ao abandonar o cardo de líder do CDS/PP Madeira, embora a saída da cena política numa se tenha concretizado. Mesmo tendo deixado a liderança do partido, o centrista voltou a ser eleito deputado para o parlamento madeirense, logo depois de Rui Barreto.

Não só não se afastou, como chegou à cadeira maior dos órgãos de gestão própria regional, quando a 15 de Outubro de 2019 é eleito presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, mandato que renovou em Outubro de 2023, quando foi 15.º na lista da coligação que juntou PSD e CDS na corrida das Regionais, e em maio de 2024.

A 1 de Dezembro de 2023 foi eleito, por unanimidade, presidente da Conferência das Assembleias Legislativas Regionais Europeias (CALRE), para o ano 2024, uma organização que reúne os 72 presidentes de Assembleias Legislativas Regionais Europeias, de oito Estados nacionais.

Já este ano, a 23 de Janeiro, José Manuel Rodrigues passou o testemunho à frente da CALRE ao Parlamento de Canárias, mantendo a vice-presidência deste organismo, de acordo com o regulamento, e liderando o Grupo de Trabalho intitulado ‘O Futuro e a Reforma da CALRE’, que tem como principal propósito afirmar o papel determinante desta associação de parlamentos no contexto europeu, dotando-a de uma estrutura física e de um secretariado permanente, em Bruxelas, que lhe permitam desenvolver, de forma mais incisiva, as suas competências, tornando-a mais representativa na União Europeia.

Mas antes disso, em Abril de 2024, Rodrigues voltou a ser eleito presidente do CDS/PP Madeira, numa disputa travada com Lídia Albornoz, após a saída de Rui Barreto.

E é como líder centrista que José Manuel Rodrigues volta a assumir a dianteira na candidatura do CDS/PP Madeira às Eleições Regionais, num quadro de grande instabilidade política e em que o seu partido de apresenta como alternativa de direita para os madeirenses.