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Regionais 2025 Madeira

O irredutível gaulês

Élvio Sousa volta a ser o cabeça-de-lista do JPP nas eleições Legislativas Regionais antecipadas. O Arqueólogo concorre com a ambição de travar a hegemonia do PSD e vir a ser o próximo presidente do Governo Regional.

Nascido cinco dias (19 de Abril de 1974) antes da ‘Revolução dos Cravos’, Élvio Sousa começou publicamente a ‘dar nas vistas’ na última década do século passado, ao integrar a Banda de originais ‘SOS- Somos o Que Somos’.

Depois de alguns anos a ‘dar música’ nos palcos, o arqueólogo de profissão, Doutor em História Regional e Local pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador do CHAM – Centro de História de Aquém e de Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa, ganhou mais notoriedade no final dos anos 90 ao assumir a presidência da Associação de Arqueologia e Defesa do Património da Madeira – ARCHAIS, fundada em 1998.

Com a mudança de século, Élvio Duarte Martins Sousa, o agora secretário-geral de Juntos Pelo Povo (JPP) e deputado da Assembleia Legislativa da Madeira começa a dar ‘os primeiros passos na política’.

Nas Autárquicas de 2005 integra a lista do PS, no 2º lugar, à Assembleia de Freguesia de Gaula.

Nesse mesmo ano Élvio Sousa ganha fama como arqueólogo ao ser um dos nomeados para a Gala RTP-M/DIÁRIO, na categoria de Dirigentes, juntamente com Carlos Pereira, França Gomes, Olavo Manica e Rui Alves.

Antes da verdadeira ascensão política do irreverente gaulês, quis o destino que Élvio Sousa e Paulo Cafôfo estivessem juntos. Aconteceu em Junho de 2007, quando Élvio Sousa, então pelo CEAM - Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea, e Paulo Cafôfo, professor de História na escola do 2 e 3 Ciclos do Campanário, na altura ligado à ARCHAIS, regozijaram-se com decisão do tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal que dera razão ao CEAM e à ARCHAIS sobre a decisão da Direcção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC) de suspender os trabalhos arqueológicos no Solar do Massapez, no Campanário, na sequência de uma providência cautelar apresentada pelas duas associações. Os agora líderes do JPP e do PS, Élvio Sousa e Paulo Cafôfo, respectivamente, foram notícia por considerarem a decisão judicial “momento importante para a justiça cultural associativa e para a história da arqueologia em Portugal”.

Quis o destino que no final desse mesmo ano Élvio Sousa estivesse na iminência de ‘saltar’ para a liderança da Junta da ‘sua’ Freguesia, na sequência da demissão do então presidente Nazário Coelho. Caberia a Élvio Sousa, nº 2 na lista vencedora (PS), assumir a presidência, mas o jovem autarca recusou.

Élvio Sousa acaba por ‘sair da sombra’ nas Intercalares para a Junta de Gaula realizadas em 2008, ao encabeçar lista independente ‘PPG - Pelo Povo de Gaula’. Perdeu por escassa margem para o PSD, mas este sufrágio extraordinário haveria de ser o ‘tiro de partida’ para o futuro político desde agora candidato a presidente do Governo Regional.

Com o irmão, Filipe Sousa, cria um movimento, no dia da Revolta da Madeira, que se converterá no partido político JPP.

A primeira grande vitória política de Élvio Sousa dá-se no ano seguinte, ao cilindrar a concorrência, nomeadamente o PSD, e vencer a Junta de Freguesia de Gaula pelo movimento JPP. Razão para ser considerado o ‘pai’ dos movimentos de cidadãos na Madeira. O mote estava dado.

Para o emergente político, o ano 2009 fica também marcado pela atribuição do Prémio Europeu de Arqueologia, atribuído pelo Council For Kentish Archaeology, do Reino Unido, pelo trabalho científico de arqueologia e defesa do património levado a cabo em Machico.

Porque a Constituição da República Portuguesa não permite a candidatura de movimentos de cidadãos aos órgãos legislativos do país, nem sequer a existência de partidos regionais, em 2015 o JPP torna-se partido político, legalizado pelo Tribunal Constitucional a 27 de Janeiro. O seu fundador, Élvio Sousa, encabeça a lista do JPP nas eleições Legislativas Regionais desse ano. É eleito deputado, estreando-se no Parlamento da Madeira com outros quatro deputados também eleitos pelo JPP.

Sempre com Élvio Sousa como cabeça-de-lista, o JPP cai nas Regionais de 2019 (3 eleitos), mas recupera nas Regionais seguintes, em 2023 (5 eleitos). Nas últimas eleições, as Regionais antecipadas de 2024, o JPP, sempre liderado por Élvio Sousa, obtém o melhor resultado de sempre, conquistando nove dos 47 mandatos (terceira força política mais votada).

Consigo como secretário-geral, o JPP consolida-se como terceira força política e a que mais deputados ganha desde 2023. Élvio Sousa chega a anunciar um entendimento com o PS com o intuito de afastar o PSD, que não obteve maioria absoluta, do governo da Madeira — apelando à direita para viabilizar uma solução de governo.

Reza a história que a mãe queria que Élvio Sousa fosse para padre, mas quis o destino que a opção tenha sido a Arqueologia e a política. Com o irmão, ficam conhecidos como os irredutíveis ‘gauleses’. Destacam-se primeiro no Poder Local, conquistando tudo o que havia a conquistar no Município de Santa Cruz, e agora nas Regionais, onde se tornam uma peça-chave para a governabilidade na Madeira.

Como Arqueólogo, Élvio Sousa é Doutorado em História Regional e Local pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com tema de dissertação: Ilhas de Arqueologia. O quotidiano e a Civilização Material na Madeira e nos Açores (séculos XV a XVIII), 2011. Arqueólogo da Câmara Municipal de Machico, autarca, deputado à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, e investigador do CEAM- Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea e do CHAM – Centro de Humanidades, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tem quatro livros publicados e mais de quarenta publicações entre artigos científicos em periódicos, actas e capítulos de livros.

Licenciatura em História, Variante de Arqueologia, Universidade de Lisboa – 1996. Mestre em História Regional e Local pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com a dissertação ‘Arqueologia na Área Urbana de Machico. Leituras do Quotidiano nos Séculos XV, XVI e XVII’ (2003). Doutor em História Regional e Local pela Universidade de Lisboa com tema de investigação sobre a Arqueologia da Época Moderna na Madeira e nos Açores. Arqueólogo da Câmara Municipal de Machico e investigador do CEAM – Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea.

Dirigente de estruturas associativas de arqueologia e de defesa do património cultural. Autor e coordenador científico de edições de carácter técnico e científico.