Presidente eleito do Chile chama a Maduro "narcoditador"
O Presidente eleito do Chile, José Antonio Kast, chamou hoje "narcoditador" ao homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, e desvalorizou os avisos deste sobre a sua política migratória, que, segundo disse, o deixaram "indiferente".
O futuro chefe de Estado chileno, de extrema-direita, envolveu-se na sua primeira disputa diplomática com o líder venezuelano apenas dois dias depois de ter ganhado a segunda volta das eleições presidenciais, com 58% dos votos, contra a candidata de esquerda, Jeannette Jara.
"[Maduro] é um ditador, um narcoditador que está a passar por momentos difíceis devido à pressão dos Estados Unidos e, certamente, de outros países também, porque a exportação de drogas é inaceitável", declarou hoje José Antonio Kast antes de partir para a Argentina, reservando para o Presidente ultraliberal, Javier Milei, as honras da sua primeira visita oficial.
Respondeu assim à diatribe lançada na segunda-feira por Maduro, que afirmou: "[Kast] pode ser um apoiante de [Adolf] Hitler e ter sido educado com os valores de Hitler, pode ser um 'pinochetista' convicto e declarado, mas tenha cuidado para não encostar um dedo a um venezuelano. Os venezuelanos merecem respeito!".
Membro do movimento Schönstatt, um grupo católico conservador de origem alemã, José Antonio Kast refutou as investigações da comunicação social realizadas em 2021 que revelaram que o seu pai tinha sido membro do partido de Hitler, argumentando que ele foi recrutado à força.
Kast, eleito Presidente do Chile à terceira tentativa, afirmou anteriormente que o ditador Augusto Pinochet (1973-1990), que morreu em 2006, teria votado nele, se ainda fosse vivo.
E no domingo, após divulgados os resultados da eleição, cidadãos chilenos saíram à rua gritando "Pinochet! Pinochet!" e brandindo retratos do antigo ditador.
Kast tomará posse a 11 de março de 2026, tornando-se o primeiro Presidente de extrema-direita do Chile desde o fim da ditadura, há 35 anos, durante a qual cerca de 3.200 pessoas foram mortas e dadas como desaparecidas.
Durante a sua campanha, José Antonio Kast prometeu deportar mais de 340.000 imigrantes ilegais, sobretudo venezuelanos, e combater a criminalidade naquele país sul-americano.
"Senhor Kast, tenha cuidado, está a ouvir-me? Deixe em paz aqueles que se comportam pacificamente, os migrantes venezuelanos têm direitos, a Constituição chilena deve garanti-los", acrescentou Maduro, recomendando aos venezuelanos para regressarem à Venezuela.
Segundo a ONU, sete milhões de venezuelanos, de uma população de 30 milhões, abandonaram o país, mergulhado numa crise política e económica sem fim à vista.
O futuro Presidente chileno estabelece uma ligação entre a criminalidade e a imigração ilegal, após o surgimento de grupos de crime organizado estrangeiros como o Tren de Aragua, um gangue de origem venezuelana que os Estados Unidos classificaram como organização terrorista.