Inteligência artificial (IA) é demasiado grande para a internet europeia
Um estudo desenvolvido pela Nokia concluiu que a "inteligência artificial (IA) é demasiado grande para a 'internet' europeia e para a infraestrutura digital que a sustenta" sendo que 67% das empresas europeias já usam IA.
"É muito potente para as subestações que construímos, muito sensível à latência para as ligações de 'internet' que conectam as nossas cidades e países, consome muitos dados para serviços de 'cloud' fragmentados e é muito desafiadora para uma força de trabalho industrial mal preparada", lê-se no estudo.
O documento constata que dois terços (67%) das empresas europeias já utilizam IA de alguma forma, e outras 15% estão a testá-la.
Mais de metade (54%) das empresas referem um fraco desempenho da rede, levantando dúvidas sobre se a "infraestrutura digital da Europa é capaz de suportar o tráfego" gerado pela IA. Entre os prestadores de serviços de comunicações, 81% afirmam que os clientes estão a solicitar serviços de IA que as suas redes ainda não conseguem fornecer.
Em termos de segurança cerca de 80% das empresas em todos os setores acreditam que a IA está a introduzir novos riscos.
Quase um terço (29%) dos líderes empresariais alertam que os limites da infraestrutura podem forçá-los a transferir trabalho para o exterior, comprometendo a soberania da Europa no processo.
O estudo considera, com base na sua análise, que a aplicação de incentivos para investimentos conjuntos, coordenação transfronteiriça e 'joint ventures' podem ampliar a escala e acelerar a aplicação de capital em infraestruturas vitais, como capacidade de centros de dados, conectividade de centros de dados.
No documento elaborado pela Nokia, que inquiriu mais 1.000 executivos europeus responsáveis por investimentos em IA (abrangendo várias indústrias e prestadores de serviços de telecomunicações), 92% dos inquiridos descreveram a IA como imediatamente ou gradualmente "transformadora" para os seus negócios, enquanto apenas 7% disseram que ela era "superestimada".
O talento é atualmente o maior desafio da força de trabalho para a IA europeia. De acordo com o estudo, 40% das empresas citaram a falta mão-de-obra qualificada em IA como a principal barreira interna para expandir a tecnologia.
Cerca de nove em cada dez executivos (87%) estão preocupados com o facto de a infraestrutura energética da Europa não conseguir acompanhar as exigências da IA. Mais de metade (57%) afirma que esta está em sério risco ou já mostra sinais de sobrecarga.
Essas limitações já estão a surgir, com 21% das empresas a afirmarem que as restrições energéticas estão a atrasar diretamente os projetos de IA. Outros 28% foram forçados a alterar a cronologia dos projetos e a seleção dos locais.
O estudo foi realizado pela Nokia em colaboração com a Gemic, uma empresa de estratégia de crescimento, sendo que a base do trabalho é uma pesquisa quantitativa com uma amostra de 1.024 inquiridos pela Dynata entre julho e agosto de 2025.
Os inquiridos foram selecionados a partir de três grupos principais: executivos de empresas de telecomunicações nas dez maiores indústrias da Europa e líderes dos dez setores de crescimento mais rápido, conforme identificado no relatório da Comissão Europeia de 2024.