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Papa apela aos jovens dos EUA para 'construírem pontes' e diz que a fé não é política

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Foto EPA

O papa Leão XIV apelou, esta sexta-feira, a milhares de jovens católicos reunidos numa convenção nos Estados Unidos para "construírem pontes" e serem "pacificadores", advertindo-os de que a igreja "não pertence a nenhum partido político".

"Jesus também chama os seus discípulos a serem pacificadores, pessoas que constroem pontes em vez de muros, pessoas que valorizam o diálogo e a unidade e não a divisão", realçou o pontífice, na primeira ligação por videoconferência ao evento no seu próprio país.

Leão XIV, desde maio passado o primeiro papa norte-americano da história, interveio na Conferência Nacional da Juventude Católica (NCYC), realizada no estádio de Indianápolis, a partir do Vaticano, e respondeu às perguntas de alguns jovens.

Na sua intervenção, ouvida por cerca de 15.000 adolescentes, o pontífice retomou o legado do seu antecessor, Francisco, para os instar a serem construtores de pontes na sociedade e alertá-los para a tentação de usar a fé como instrumento político.

"Por favor, tenham cuidado para não usar categorias políticas para falar sobre a fé e a igreja. A igreja não pertence a nenhum partido político, mas ajuda a formar a sua consciência", exortou, recebendo aplausos da plateia do outro lado do oceano.

Noutro momento, um jovem perguntou ao papa sobre uma das suas preocupações conhecidas, o peso crescente que a inteligência artificial (IA) tem na vida e nos estudos das pessoas no mundo.

"A IA pode processar informação rapidamente, mas não pode substituir a inteligência humana. Não lhe peçam para fazer os vossos trabalhos! (...) Certifiquem-se de que o uso da IA não limite o vosso verdadeiro crescimento humano; utilizem-na de tal forma que, se amanhã desaparecesse, continuariam a saber pensar, criar e agir por vós próprios. A IA nunca poderá substituir o dom único que vocês são para o mundo", respondeu Leão XIV.

Neste sentido, respondendo a outro rapaz que confessou passar demasiadas horas ao telemóvel, o papa embora tenha reconhecido o valor da tecnologia para manter as pessoas ligadas, afirmou que esta "nunca pode substituir as relações humanas reais". "Um abraço, um aperto de mão, um sorriso..., todas estas coisas são essenciais para sermos humanos. Tê-las de forma real e não através de um ecrã é fundamental", advertiu o pontífice, aludindo ao primeiro santo 'millennial', o italiano Carlo Acutis.

Leão XIV, falou sempre em inglês, animou os milhares de adolescentes que o ouviam no estádio norte-americano, dizendo-lhes que as suas ideias são importantes para a igreja. "Vocês não são apenas o futuro da Igreja, são o presente. As vossas vozes, as vossas ideias e a vossa fé importam neste momento, e a Igreja precisa de vocês. A Igreja precisa do que Deus vos deu para partilhar com todos nós", conclui, incentivando-os a envolver-se imediatamente na difusão da fé nas suas vidas.