Quercus Madeira alerta para impactos ambientais da aposta no golfe
O Núcleo Regional da Quercus da Madeira manifestou, hoje, "grande preocupação" com a expansão e construção de novos campos de golfe na Região.
“Consideramos que esta opção pelo investimento público no golfe, no contexto regional e global, revela ‘miséria de cabeça’ por parte do governo regional”, afirma a organização ambiental, num comunicado assinado por Elsa Araújo.
A nota da presidente do Núcleo Regional da Madeira da Quercus, destaca ainda a incapacidade de hierarquizar prioridades e o impacto social e económico desta estratégia.
[Faz] lembrar aquelas pessoas com consumos aditivos que gastam no vício o que têm e o que não têm, indiferentes às necessidades daqueles que lhes são próximos, levando frequentemente ao seu empobrecimento, enquanto contribuem para o enriquecimento de máfias que exploram a sua dependência Elsa Araújo
Segundo a Quercus, o investimento no golfe não atrai a iniciativa privada de forma autónoma, "sem o assistencialismo do Governo". Apesar do crescimento turístico e da relevância do sector para o PIB regional, “até os prize-moneys dos torneios são subsídio-dependentes”, sublinha a associação.
A nota alerta ainda para problemas crescentes na gestão de resíduos, lembrando que a Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos da Meia Serra já opera acima da capacidade de incineração e que uma terceira linha teria um custo “muito significativo”, sem financiamento europeu disponível.
Surpreende que o investimento no golfe, tão propalado como tendo retorno garantido, seja incapaz de aliciar a iniciativa privada a avançar por si só, sem o assistencialismo do governo, quando o turismo regional bate recordes de proveitos e tem uma dimensão assinalável, responsável por uma parte importante do PIB regional. Até os prize-moneys dos torneios são subsídio-dependentes!
O núcleo ambiental questiona também a situação das redes de drenagem de águas residuais, com falhas em estações elevatórias e ETARs que têm provocado descargas recorrentes de efluentes não tratados na costa sul da Madeira.
“Existem aglomerados populacionais que não são servidos por rede de recolha e tratamento de águas residuais e há concelhos com grande crescimento turístico que têm uma rede rudimentar!”, sublinha a Quercus.
O núcleo ambiental critica igualmente a pressão urbanística sobre o solo agrícola, considerando “criminosa a promoção de campos de golfe e imobiliário associado em áreas com aptidão agrícola”, e alerta para riscos futuros de segurança alimentar.
A associação reforça que não é contra o turismo, mas que este deve ser gerido com equilíbrio: “É uma atividade que está para a economia como um medicamento para um problema de saúde – na dose certa, resolve; em excesso, torna-se tóxico e até pode ser fatal! A opção não pode ser tudo ou nada. Deve ser uma dose otimizada!”, conclui a Quercus.