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Prémio Internacional da Paz para as Crianças atribuído à síria Bana Alabed

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Foto Kids Right Foundation

A síria Bana Alabed, de 15 anos, recebeu hoje o Prémio Internacional da Paz para as Crianças da Fundação KidsRights, por ter dado voz às crianças em zonas de guerra.

Bana Alabed, que recebeu o prémio das mãos da ativista dos direitos humanos iemenita e Prémio Nobel da Paz 2011, Tawakkol Karman, sobreviveu ao cerco da cidade de Alepo, em 2016, e defendeu hoje que o Presidente sírio na altura, Bashar al-Assad, deve ser responsabilizado pelo seu papel na guerra da Síria.

Segundo a Fundação KidsRights, Bana, que "iniciou o seu ativismo partilhando as suas experiências de guerra através de diários, blogues e redes sociais, conquistando atenção internacional (...) personifica a resiliência e a coragem".

A adolescente recordou hoje "as noites cheias de medo e do barulho das bombas" em Alepo, quando tinha sete anos, e dedicou o prémio aos seus heróis, como "as crianças que sofrem em silêncio" e "as mães cujas lágrimas não secam".

"Todas as crianças merecem viver em paz", disse, lembrando todas aquelas em zonas de conflito, como o Sudão, a Ucrânia, Gaza ou Caxemira.

E dirigindo-se a Bashar al-Assad, ao Presidente russo, Vladimir Putin, ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, aos "senhores da guerra" garantiu que as crianças não ficarão em silêncio e que a sua voz "falará mais alto".

O prémio inclui a estatueta Nkosi (nome do primeiro vencedor do prémio), com uma figura de criança a empurrar um globo, mostrando como os galardoados põem o mundo em movimento, e uma bolsa de estudo Desmond Tutu para custear a sua educação, assim como 50.000 euros para financiar o seu projeto.

A Fundação compromete-se a apoiar com 25.000 euros projetos semelhantes espalhados pelo mundo, tendo os que receberam financiamento em 2024, 16 em 10 países, envolvido 156.000 crianças em todo o mundo.

A KidsRights recebeu mais de 200 nomeações de 47 países para a edição de 2025 deste "Nobel da Paz" para crianças, que teve como finalistas também Divyansh Agrawal, 16 anos, dos Estados Unidos, que "mobilizou milhares de pessoas na sua luta pela justiça climática e pelos direitos das crianças" e Aeshnina (Nina) Azzahra Aqilani, 17 anos, que aos 12 anos começou a expor "a prática nefasta das nações ocidentais de exportarem resíduos plásticos para a Indonésia".

O Prémio Internacional da Paz para as Crianças já reconheceu o trabalho da militante dos direitos das crianças e do acesso à educação Malala Yousafzai e da ativista e ambientalista Greta Thunberg, tendo sido atribuído o ano passado a Nila Ibrahimi, 17 anos, pelos seus esforços para melhorar a educação e os direitos de participação das raparigas e mulheres afegãs.

Rena Kawasaki ganhou-o em 2022, também aos 17 anos, com um projeto sobre a participação dos jovens nos órgãos de administração locais no Japão, enquanto Sadat Rahman foi o vencedor em 2020, aos 17 anos, por uma aplicação para ajudar adolescentes vítimas de 'cyberbullying' no Bangladesh.

"A motivação por detrás do prémio é proporcionar uma plataforma para que as crianças expressem as suas ideias e o seu envolvimento pessoal na defesa dos direitos da criança", refere no seu 'site' a Fundação holandesa KidsRights, que procura chamar a atenção para os direitos dos menores e para que sejam "incluídos na agenda dos decisores políticos em todo o mundo".