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Mariana e Sofia protestam nas urgências fechadas

Sob pena de já estar a ser apedrejada pelos críticos do costume, digo desde já que sou sensível ao problema de Gaza

Da minha parte, não me pronuncio sobre regatas ou sobre passeios de barco, mas soube recentemente que duas portuguesas conhecidas e dois portugueses de quem praticamente nunca ouvimos falar, se meterem numa regata com 40 embarcações, qual passeio de “tall ships”, mas em versão marca branca de supermercado.

Ainda não sei bem o que levou esta gente a ir procurar aventuras com a Greta, porque já todos sabemos que onde a garota se mete só dá erro. As notícias mais recentes desta (des)armada são as que tenho sábado à tarde, por isso não sei se a esta hora já chegaram a Portugal. Segunda-feira é dia de trabalho e as férias no Mediterrâneo acabaram. Vá, despachem-se lá com isso porque o país tem temas mais importantes para discutir e com que se preocupar.

Para a semana, quando quiserem fazer jejum de 48 horas, não vão para tão longe protestar. E a Mariana, se queria matar saudades de ter um grupo parlamentar, não precisava de se enfiar numa cela com doze pessoas.

Esta moda do jejum intermitente pegou mesmo. A Sofia comeu pimentos crus com iogurte e queixou-se, mas de certeza que faz uns sumos intragáveis de manhã em casa com couve roxa e beterraba.

Sob pena de já estar a ser apedrejada pelos críticos do costume, digo desde já que sou sensível ao problema de Gaza, solidária com quem luta todos os dias por um copo de água e que compreendo a angústia de quem quer zelar pelo pouco que tem.

Não sei exatamente quanto vai custar o passeio de regresso, mas sei que vai sair dos meus impostos. Disso não tenho dúvidas. E desde já aproveito para pedir a quem teve tempo para ir andar de barco, que faça mais umas chamadas de atenção iguais, mas dentro de portas.

Sei lá, pode ir protestar para a porta dos serviços de urgência que estão fechados, correr o país de barco de norte a sul e parar nos portos portugueses, muito mais seguros do que os portos israelitas. Pelo menos o comité de receção é capaz de ser mais calmo. Pode ir protestar para as portas as escolas onde ainda não há professores, para a porta das câmaras e dos governos que não permitem que os jovens saiam de casa dos pais antes dos 40. Não são os jovens da esquerda caviar, que se fazem de pobres e coitadinhos para chamar a atenção.

Se querem ser úteis, não comam pimentos com iogurte, lutem por melhores condições para os agricultores afetados pelos incêndios, não precisam de ir para o c… de Judas para que se olhe para um problema que todo o planeta sabe que existe.

Mas será que aquelas almas vão fazer diretos para as redes sociais a filmar partos em autoestradas e falta de prevenção nas aldeias perdidas do país para evitar os fogos do próximo ano? Isto de ir comer pimentos com iogurte para longe é do mais “gourmet” que existe e como a atriz já não aparecia em lugar nenhum há vários anos, embarcou, literalmente, nesta palhaçada que vai sair do bolso de quem trabalha e que pretende, antes de mais, ver os problemas de casa resolvidos. Se houver dinheiro para comprar casa, claro