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Morrer para renascer

A democracia na Madeira só tem 50 anos mas parece tão velhinha e frágil que terá que morrer para renascer. Sim, porque democracia de partido único não faz sentido nem pode sobreviver. Jovens nascem e morrem com o mesmo partido – PSD-m – a governar, que as pessoas já não conseguem perceber qual a diferença entre uma democracia e uma ditadura num sistema democrático. Onde está a diferença? Boa governação, manipulação ou eleitores desatentos?

Vem este intróito a propósito de mais uma “famosa” vitória da partidocracia cá do burgo, vitória essa que as pessoas mais atentas não conseguem perceber. Temos bom nível de vida? Temos um sistema de saúde de bom nível? Temos habitação acessível para quem trabalha, produz e enriquece a Região? Temos reformas que possam sustentar uma pessoa que trabalhou e descontou uma vida inteira? Temos uma inflação controlada? Não!, nada disso. Então porque raio ganha sempre o mesmo partido? Algo não encaixa neste puzzle da vida comum dos sacrificados cidadãos. Não! Não estou a defender um sistema onde uns terão de trabalhar para sustentar os outros, estou a defender um sistema mais justo, mais igualitário, um Governo com poder de regulamentação num mercado de trabalho onde uns conseguem milhões a se divertir e outros conseguem apenas tostões a trabalhar no duro. Um Governo que não pense em encher os cofres com excedentes orçamentais à custa do sacrifício da população.

Para não destoar do slogan: “Madeira é um brinquinho”, o dia 12 outubro 2025 trouxe mais uma vitória folgada para o nosso querido líder – não falo da Coreia do Norte - nesta democracia, no mínimo, atípica. A cidade do Funchal conta com uma população de pouco mais de 100 mil habitantes e teve catorze partidos a concorrer ao poder local, quase mais concorrentes do que eleitores, - passo o exagero - será que veio confundir o eleitorado? Será que aqueles que mudam de partido ou ideologia como quem muda de camisa mereciam castigo por terem tanta vontade de “servir o povo”? , por interesse pessoal ou promoção de imagem? Uma questão que os futuros eleitores terão que apurar quando forem à urna de voto.

Vamos, então, a uma sucinta análise aos resultados das regionais de 12 de Outubro 25: O PSD-M, no sempiterno sistema laranja, fruto da oligarquia existente no Arquipélago, onde os funcionários públicos estão bem controlados, onde os reformados ainda têm medo de perder a reforma se não votarem PSD, onde o eterno conluio entre amigos e afilhados, casas do Povo, instituições desportivas e comodismo – ou desdém - com que o povo olha para os corruptos porque acham que já fazem parte do sistema e as pessoas honestas já não contam?

O JPP, vem, paulatinamente, cimentando a carreira que iniciou e está consolidando a sua posição na Região como segunda força partidária. O Chega ganha a CM S. Vicente com um ex-militante do PS-M e ganha 2 deputados municipais na CMF perdidos pelo PS mas acredito que sendo um partido de protesto não tem futuro risonho e já começa a perder terreno a nível nacional. O PS-M, pela mão de Paulo Cafôfo - o teimoso - quase bateu no fundo mas terá que se reerguer porque é um partido de raiz e fundador da democracia em Portugal, nunca poderá cair. Cafôfo teve o seu momento de glória em 2013 quando conquistou a CMF ao PSD-M e 7 juntas de Freguesia mas passado pouco tempo não teve capacidade para conservar esse precioso capital político e desbaratou-o por falta de estratégia, falta de traquejo político e mau aconselhamento político, cedeu à ambição pessoal em troca de um projeto político consistente que consolidasse a sua preciosa vitória. Não foi por falta de aviso de militantes com muito mais experiência, ele é que não os quis ouvir e deixou-se levar pelas pancadinhas nas costas. Agora lava as mãos como Pilatos e deixou o partido na 4.ª posição do ranking regional e deixa a CMF com 10 vereadores com uma cor fortemente alaranjada. Ficará com a própria consciência a atormenta-lo. Todavia o PS-M é um partido habituado à luta e vai urgentemente reerguer-se dos escombros encontrando um líder que o coloque no lugar que merece porque é o fiel da balança da democracia na Madeira. Felicito o Olavo Câmara no Porto Moniz e o Hugo Marques em Machico, dois faróis de esperança nos extremos da ilha, na rápida recuperação, pois enquanto houver um socialista a sentir a camisola o PS-M reerguer-se-á porque faz falta à Madeira.