O PSD/M agradece
Um partido dividido perde-se antes de ser derrotado nas urnas.
É inegável que o Partido Socialista da Madeira (PS/M) atravessa, há demasiado tempo, um período de profunda crise. A cada acto eleitoral, o partido perde a sua vitalidade, sem que os seus dirigentes assumam plenamente a responsabilidade por esse declínio.
O caso do Dr. Cafofo é apenas o mais recente exemplo dessa paralisia interna. Só agora decidiu apresentar a sua demissão, apesar dos sucessivos resultados eleitorais desastrosos. A reacção tardia é reveladora de uma estrutura que se habituou à resignação e à falta de autocrítica.
Fragilizado, o PS/M procura agora um novo líder. Contudo, como já se tornou quase tradição, surgiu de imediato vozes discordantes em torno do potencial candidato Ricardo Franco. A incapacidade de unir esforços em torno de uma liderança sólida e coerente é um dos sintomas mais evidentes da crise que o partido vive, é isto, que me incomoda, independentemente de quem é candidato.
Causa perplexidade observar a conduta de alguns dirigentes que, em vez de trabalharem pela reconstrução de um partido forte, próximo dos madeirenses e fiel aos seus princípios fundadores, preferem investir energias em disputas internas e na distribuição de cargos. Esta postura tem afastado o PS/M das suas bases e dos eleitores que, cada vez mais, se sentem órfãos de uma verdadeira alternativa política.
Se o propósito é recuperar a alma do partido, é urgente reflectir sobre as causas que o conduziram a este ponto. É tempo de eleger uma liderança com visão estratégica, coragem e capacidade de enfrentar a hegemonia do PSD/M.
Os militantes merecem respeito. Os madeirenses merecem um PS/M que os represente, que se preocupe com os seus problemas reais e que volte a acreditar no diálogo, na proximidade e na acção política quotidiana.
Chegou o momento de abandonar as vaidades individuais e de colocar o interesse colectivo acima das ambições pessoais. O partido precisa de sair do isolamento, voltar à rua e reconquistar o contacto com as pessoas. Enquanto o PS/M permanecer fechado sobre si próprio, o PSD/M continuará, naturalmente, a agradecer.
Carlos Oliveira