PS votou contra o acordo para 'legalizar' a nova lei eleitoral?
Os socialistas frustraram a tentativa do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco, para que fosse conseguido um acordo entre os partidos para que a nova lei eleitoral entrasse já em vigor nas eleições Regionais antecipadas para 23 de Março.
A notícia que a proposta de acordo para fazer vigorar a nova lei eleitoral nas próximas eleições havia falhado em São Bento por ‘culpa’ do PS, que inviabilizou a ‘necessária’ unanimidade, tem dado que falar. Não apenas no plano político/partidário, mas também no fórum das redes sociais.
Acordo para a lei eleitoral falha em São Bento
PS terá impedido a unanimidade
Jorge Freitas Sousa , 29 Janeiro 2025 - 20:17
A bronca mais recente relacionada com o ‘lapso’ na publicação da Lei Eleitoral soou na noite desta quarta-feira quando o DIÁRIO ‘on-line’ noticiou ‘Acordo para a lei eleitoral falha em São Bento. PS terá impedido a unanimidade’.
Contudo os principais ecos do novo episódio da novela em torno da Lei Eleitoral só viriam a ecoar na quinta-feira. Logo pela manhã, um dos responsáveis pelo ‘chumbo’ que comprometeu a alegada solução que permitiria o voto antecipado em mobilidade já nas próximas eleições justificava a posição do PS e a razão do ‘falhanço’. ‘Não se corrige "trapalhada" e "erro político grosseiro" com medida "ilegal e inconstitucional"’ foi o título dado ao esclarecimento de Miguel Iglésias, deputado socialista em São Bento eleito pela Madeira.
Francisco José Cardoso , 30 Janeiro 2025 - 10:39
Entretanto José Manuel Rodrigues, presidente da Assembleia Legislativa da Madeira e também presidente do CDS-PP Madeira, confessava ao DIÁRIO estar desiludido. “Tenho muita pena que o acordo tenha falhado” reagiu.
Mais contundente foi a reacção de Jaime Filipe Ramos, líder parlamentar do PSD Madeira. "Não há erro grosseiro maior que impedir solução apadrinhada pelo Presidente da República", manifestou a este matutino.
Orlando Drumond , 30 Janeiro 2025 - 13:17
Quando para muitos já prevalecia a convicção que o PS havia votado contra a proposta de acordo para que a nova leia eleitoral entrasse em vigor a 23 de Março, dia das eleições Regionais antecipadas, eis que o presidente do Governo Regional culpava os socialistas de serem responsáveis por milhares de madeirenses ficarem impedidos de poderem votar antecipadamente em mobilidade.
“Não percebo porquê o PS vota contra uma solução que beneficia os madeirenses e porto-santenses”, afirmou Miguel Albuquerque, durante acto oficial – visita a uma empresa em São Martinho.
Milhares de madeirenses impedidos de votar em mobilidade por culpa do PS
Reacção de Miguel Albuquerque que contesta o absurdo em pleno séc. XXI
Orlando Drumond , 30 Janeiro 2025 - 17:58
Reacções que incendiaram as redes sociais com comentários às notícias e consequentes reacções dos cibernautas. Na generalidade, muito depreciativos para as principais forças políticas envolvidas (PSD e PS).
À notícia que o PS teria impedido a unanimidade e assim comprometido o acordo para a lei eleitoral em São Bento, leitor anónimo recorreu à ironia para concluir: “PS sempre a lutar pelos interesses dos...humm... de alguém!!??”.
Entre as muitas e diversificadas reacções/conclusões às publicações em dnoticias.pt, “o PS é que não deixa os estudantes e outros votarem mobilidade”, escreveu Lígia Gonçalves, enquanto Pedro Aguiar reagia à notícia com a explicação de Miguel Iglésias: “Por culpa vossa que a gente já não vai ter a nova lei eleitoral. Estão satisfeitos?”.
Eis o esclarecimento do socialista Miguel Iglésias enviado ao DIÁRIO.
“A trapalhada da nova Lei eleitoral não se aplicar nas próximas eleições regionais não é responsabilidade do PS. O problema está na data de referendo do diploma pelo Primeiro-ministro no fim-de-semana, o que levou a que o decreto de dissolução da ALRAM entrasse em vigor antes da alteração à Lei Eleitoral, o que já foi amplamente noticiado. O que se preconizava agora para tentar remediar este erro político grosseiro seria claramente ilegal e inconstitucional, e que levaria a consequências ainda mais graves: a possibilidade real de se ter de repetir as eleições, havendo alguma tentativa de impugnação. O PS foi um dos partidos que mostrou reservas, obviamente face a esse risco de ilegalidade e inconstitucionalidade. Tentar corrigir um erro incorrendo noutro com consequências ainda mais graves não era solução nenhuma. Todos os atrasos na aprovação da alteração à lei eleitoral estão bem registados, desde a origem na ALRAM, e que culminou com a trapalhada deste fim-de-semana. É lamentável, mas não é responsabilidade do PS”, explicou.
Com efeito a proposta para (tentar) fazer vigorar a nova lei eleitoral já nas próximas eleições falhou não porque o PS tivesse votado contra – não foi sujeita a votação – mas porque os socialistas, na apreciação e discussão da mesma, mostraram reservas quanto à sua legalidade e constitucionalidade, ao contrário dos restantes partidos que concordavam com a ideia de entendimento para legitimar a aplicação da nova lei eleitoral.