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A Ponta do Pargo é já ali

Uma das oito freguesias do concelho da Calheta, situada mais a oeste e fazendo fronteira com o concelho vizinho do Porto Moniz, a Ponta do Pargo, é, por estes dias muito falada, essencialmente por força dos projetos anunciados e de outros em execução.

Nunca é demais lembrar que esta pitoresca freguesia era, há bem poucos anos, uma das mais distantes do Funchal, ficando a quatro horas de autocarro da nossa capital. Gentes de bom caráter, afáveis e que gostam de receber, sempre foram habituados a ter de trabalhar no duro para poder conseguir vencer na vida e proporcionar um futuro melhor aos seus filhos e netos.

Predominantemente agrícola e com forte emigração, a Ponta do Pargo mudou e muito nos últimos anos, principalmente fruto do investimento público, que por sua vez potenciou o investimento privado, abrindo sem dúvida novos horizontes aos mais jovens. Vamos a factos: a via expresso, que esteve parada vários anos, se bem me lembro poucos acreditavam na sua conclusão. Permitiu a tal aproximação ao Funchal há muito desejada, atraindo investidores, principalmente no setor turístico, mas não só. Permitiu também o regresso de emigrantes à sua terra-natal, onde investiram as suas poupanças.

Hoje, a Ponta do Pargo é uma referência regional, com empresários que souberam se afirmar num mercado exigente, com alojamento local que permite complementar rendimentos familiares, com restaurantes e cafés de excelente nível.

No Desporto, através da Associação Desportiva e Cultural do professor Gilberto Garrido, tem marcado um percurso de sucesso levando o nome da freguesia, do concelho e da Região além-fronteiras. A verdade é que, atualmente, a Ponta do Pargo é procurada e apetecida. O Campo de Golfe será, porventura, a cereja no topo do bolo. Investimento de qualidade superior, transversal a toda a Região, permitindo à nossa Ilha valorizar e reforçar este importante mercado.

Com paisagens únicas, miradouros com vistas de cortar a respiração, com veredas e levadas para quem gosta de caminhadas, aliadas a excelentes percursos de BTT. Tudo isto a Ponta do Pargo tem, mas pode ainda ir mais longe.

A Câmara Municipal iniciou um projeto de construção de um novo miradouro junto ao Farol. Penso que ninguém tem dúvidas da beleza e da atração que constituirá este investimento que tem potencial para ser rentabilizado, aliando-se a um Farol que foi somente em 2019 e 2024 o Farol mais visitado de Portugal.

Há poucos dias, por ocasião de uma visita às obras do Campo de Golfe, o Sr. Presidente do Governo, Dr. Miguel Albuquerque, anunciou a intenção de construir uma ponte pedonal entre a zona do Farol e o Miradouro Garganta Funda, reforçando a oferta turística a quem nos visita.

Num tempo em que se fala na necessidade de descentralização dos fluxos turísticos que se concentram sempre nos mesmos percursos, não tenho dúvidas que deste tipo de investimentos vêm exatamente ao encontro dessa necessidade.

Parabéns ao Governo Regional e ao seu Presidente por ter uma visão descentralizadora e transversal a toda a Região, demonstrando mais uma vez que a Madeira tem muito mais potencial que apenas os habituais cartazes turísticos.

Como Calhetense, desde jovem que me habituei a ouvir por parte de algumas pessoas oriundas do Funchal que vivia perto do fim do mundo, no campo, como diziam eles, onde ninguém ligava nenhuma, e que por isso mesmo eramos facilmente apontados a dedo quando íamos à cidade.

Como tudo mudou. Hoje é frequente sermos abordados no sentido de informar se existe um “palheirinho” para vender. Ainda bem que assim é, o mundo mudou e a Ponta do Pargo também. Pena é que alguns (felizmente poucos) calhetenses ainda não percebessem essa mudança. Qual o meu espanto quando, no passado fim se semana, ouvi um calhetense num congresso partidário de uma força política, que descobriu a Calheta há pouco tempo (ouvi dizer que alguns andaram perdidos), afirmar e criticar os novos projetos anunciados para o seu e nosso concelho. Tive de ler duas vezes para ter a certeza do que estava a ler. Das duas uma, ou o senhor em causa deixou-se entusiasmar pelas más influências de quem estava sentado ao seu lado, ou ainda padece de complexos de superioridade em relação aos habitantes da Ponta do Pargo. Coisas do passado, pensava eu.

O caminho até aqui foi feito com muita gente, verdadeiros calhetenses que acreditam na sua terra. Com a estabilidade política de políticos que acreditam e têm um projeto para o nosso concelho e não apenas ambições políticas de quem só quer chegar ao poder, nem que para isso tenha que se vender.

Viva a Ponta do Pargo!