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Madeira

Há 30 doentes com hepatite C à espera de medicamentos na Madeira

Diagnóstico está feito, mas há um compasso de espera no início do tratamento por atraso na recepção dos fármacos

Coube ao gastrenterologista Vítor Magno Pereira apresentar os dados relativos às hepatites virais. 
Coube ao gastrenterologista Vítor Magno Pereira apresentar os dados relativos às hepatites virais. , Foto ML

Neste momento, são cerca de 30 os doentes que após diagnóstico da hepatite C aguardam a chegada da medicação para darem início ao tratamento.

Este foi um dos dados apontados por Vítor Magno Pereira, no âmbito da apresentação dos resultados do programa FOCUS, um rastreio oportunista para as hepatites B e C, bem como para o VIH, que decorreu entre 2020 e o ano passado.

Embora, agora, a hepatite C seja curável, através de um tratamento com a duração de cerca de três meses, o médico gastrenterologista não deixa de notar os atrasos na disponibilização dos medicamentos para esse efeito, atrasos que atribui à “burocracia interna”.

Identificados mais de 280 casos de hepatite na Região desde 2020

Nos últimos quatro anos foram diagnosticadas pelo menos 79 infecções de hepatite C, 47 de hepatite B no âmbito do programa FOCUS. Juntam-se-lhes outros 160 diganósticos por sintomas. O despiste oportunista identificou, também, 21 casos de HIV

Marco Livramento , 24 Janeiro 2025 - 13:38

“Neste momento, a medicação da hepatite C não está disponível de forma imediata. Ao contrário da hepatite B e do HIV, em que a medicação é muito mais célere, a hepatite C ainda tem um processo de uma plataforma de submissão, que faz atrasar um pouco o início da medicação, pelo menos na Madeira”, esclareceu o coordenador do programa FOCUS, na Região.

“A legislação, a nível nacional, foi simplificada, de forma a agilizar o início do tratamento, aqui ainda temos alguma espera entre a prescrição e o tratamento, mas é algo que estamos a trabalhar para encurtar”, complementou o médico, notando, que serão cerca de três dezenas de doentes nesta situação. Com um tempo de espera variável, o clínico aponta que “para a hepatite C pode levar alguns meses”.

Reportando-se aos mais de 280 doentes diagnosticados com hepatite B ou C nos últimos quatro anos, na Madeira, o médico aponta que “a maioria das pessoas já foi tratada ou está em tratamento”, salientando, ainda assim, que todas as situações estão devidamente encaminhadas para as especialidades de Gastrenterologia e das Doenças Infecciosas.

Já no que toca ao HIV, de acordo com Nancy Faria, também existe algum hiato temporal entre o dignóstico e o tratamento, que no caso dos doentes identificados no âmbito do programa FOCUS, foi na ordem dos 25 dias, em média (entre 5 e os 83 dias). Neste caso, o atraso não terá sido motivado pela falta de medicação, mas pela demora na legalização dos doentes, já que uma percentagem significativa dos novos casos dizem respeito a cidadãos estrangeiros, um pouco à semelhança com o que acontece no todo nacional. 

A infecciologista do Serviço de Saúde da Região (SESARAM) notou que, a média de idades dos doentes identificados no rastreio promovido pelo FOCUS foi de 42 anos, sendo 19 dos 21 positivos do sexo masculino. O estudo dos casos revelou, ainda, que a via mais comum de transmissão foi a sexual e, dentro desta, a de homens que fazem sexo com homens, reportando-se a 13 situações das 21. Em 85% dos doentes o diagnóstico foi tardio, o que não acontece na generalidade da doença.