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Madeira

Identificados mais de 280 casos de hepatite na Região desde 2020

Nos últimos quatro anos foram diagnosticadas pelo menos 79 infecções de hepatite C, 47 de hepatite B no âmbito do programa FOCUS. Juntam-se-lhes outros 160 diganósticos por sintomas. O despiste oportunista identificou, também, 21 casos de HIV

Vítor Magno Pereira foi o coordenador científico do programa FOCUS na Madeira. 
Vítor Magno Pereira foi o coordenador científico do programa FOCUS na Madeira. , Foto ML

Foram esta sexta-feira apresentados, no Hospital Dr. Nélio Mendonça, os resultados do programa FOCUS, dedicado ao rastreio das hepatites virais (B e C) e do HIV. Este modelo baseado na integração dos testes de despiste na prática clínica de rotina, nomeadamente quando um utente faz análises de sangue, permitiu identificar 79 infecções activas de hepatite C, 21 casos de HIV e 47 de hepatite B. O tratamento desses doentes já está em curso.

No caso particular das hepatites B e C, e fora do rastreio, foram, também, identificadas outras situações cujos doentes já apresentavam queixas. Foram mais 160 infecções que se somam, assim, às mais de 120 detectadas pelo rastreio, totalizando mais de 280 casos diagnosticados nos últimos quatro anos. Um número que Vítor Magno Pereira considera "significativo". 

Estes dados foram revelados à margem da sessão que decorreu na sala de conferências daquela unidade de saúde, dando conta de que, entre outras análises, cerca de 80% dos casos de hepatite C foram diagnosticados em pessoas do sexo masculino.

O coordenador do programa FOCUS realça a importância deste rastreio para a identificação destas doenças, uma fez que as mesmas começam por ser assintomáticas, facto que não impele os utentes em causa para um teste de diagnóstico. “Isto são pessoas que eram completamente assintomáticas, sem qualquer queixa ou suspeição atribuível a estas patologias, que foram diagnosticadas no âmbito de colherem análises por outro motivo, quando foram ao seu médico de família, ao serviço de urgência ou a uma consulta hospitalar. O rastreio permite de forma oportunista adicionar estas análises a uma colheita de sangue normal e assim chegarmos a um número de pessoas que por outro motivo não fariam este teste”, notou o médico gastrenterologista.

Vítor Magno Pereira realça que, no que toca à prevalência, a quantidade de novos casos está em linha com o todo nacional, enfatizando, ainda assim, a mais-valia destes diagnósticos precoces, que, de outra forma, “iríamos descobrir só muito mais tarde, quando já houvesse uma situação de cirrose, cancro do fígado ou necessidade de transplante hepático”, complicações que são, deste modo, evitadas.

Do total de 158.770 pessoas abrangidas pelo programa FOCUS, pouco mais de 65.700 foram testadas à hepatite C, 77.500 ao IHV e 16.070 à hepatite B.