Incompetência ou má-fé?

Sou um utilizador assíduo da Horários do Funchal e até ontem, 10 de janeiro, um grande defensor das suas virtudes. A concessionária do transporte coletivo no Funchal era pautada por um bom serviço, boa qualidade dos seus equipamentos e, na generalidade, eficácia e simpatia dos seus colaboradores.

Tudo mudou por via da integração desta empresa na regional Siga, que agrega todas as concessionárias do transporte coletivo no arquipélago. A Siga chegou a 1 de julho do ano passado com uma evidente melhoria dos equipamentos, sobretudo no transporte interurbano ou intermunicipal. No entanto, a uniformização do serviço entre as anteriormente empresas separadas, previa um período de adaptação para os utentes regulares das ditas.

Através dos seus canais assim como pela comunicação social, fui sabendo que os títulos de transporte seriam alterados e fui aguardando informação relativa ao novo título em que será possível agregar bilhetes pré-comprados que, pela informação veiculada, manteria o nome Giro, que já era a sua denominação na Horários do Funchal. Ainda hoje, 11 de janeiro, o site da Siga, www.siga.madeira-gov.pt, informa que o referido título estará disponível a partir de dezembro de 2024.

Ontem, 10 de janeiro, esgotado o período para carregamento do título anterior, encaminhei-me aos serviços da empresa e fui confrontado não só com a inexistência de novo título assim como com a descontinuação do carregamento do título anterior que, curiosamente, pode ser utilizado até 31 de maio. Uma nota informativa na montra da empresa também dá conta de que é apenas possível a aquisição de bilhetes a bordo dos autocarros.

Tais condições implicam um agravamento importante, de €1,25 para € 1,95, 56%, em cada um dos percursos, o que ainda se poderá agravar em caso de agrupamento, num intervalo de 45 minutos, de dois percursos consecutivos. Nesses casos, o preço a pagar pelo utente passa de € 1,25 para € 3,90, um “ligeiro” acréscimo de 212% face ao montante despendido anteriormente.

Este procedimento que, soube mais tarde em notícia da RTP, poderá se manter até ao começo de abril, implica também a obrigatoriedade de os utentes disporem de numerário de cada vez que entram num dos autocarros da Siga e levará, a acreditar no que se passava até aqui, em atrasos no cumprimento do horário do serviço pois exigirá dos motoristas pelo menos alguns segundos sempre que for emitido um bilhete.

Toda esta situação evidencia que a administração da empresa decidiu, arbitrariamente, tentar ultrapassar ou encobrir uma falha, o cumprimento do programa inicialmente delineado não com um novo programa e prazos mas com uma falha ainda maior, o encarecimento e dificultação de acesso ao serviço a muitos dos seus utentes. No melhor pano cai a nódoa. No caso, uma borrada ou mesmo uma burrice…

Este comportamento parece ser tolerado pela Secretaria Regional da tutela que, recorde-se, representa também o principal acionista daquela empresa, o povo madeirense.

Quero ter esperança de que neste caso não exista má-fé para com todos os madeirenses e também para com os muitos turistas que utilizam este transporte, mas uma momentânea incompetência facilmente reversível.

João Faria