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A dinâmica do poder e a ordem mundial

A configuração da ordem mundial depende do poder que possuem os Estados. Este é multidimensional e abrange várias vertentes, tais como a militar, naval, económica, nuclear e diplomática.

A implantação da ordem mundial não é democrática nem espontânea, sendo os Estados mais poderosos aqueles que definem as regras do jogo na cena internacional. Já os restantes Estados têm 3 opções: integram-se, adaptam-se ou rejeitam as regras do sistema. Por outro lado, os Estados revisionistas procuram gerar mudanças nas instituições de governança global (Nações Unidas, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, entre outras) e no status quo internacional atual, por considerarem que apenas estão a ser defendidos os interesses das nações mais poderosas. Desta forma criam estruturas paralelas mais favorável aos seus interesses. Existem ainda os Estados párias, os quais não atuam conforme as normas internacionais. A título de exemplo, podemos mencionar o comportamento da Rússia de invadir a Ucrânia, desrespeitado a integridade territorial deste país e o direito internacional. Como podemos concluir, o estabelecimento de uma nova ordem mundial é um processo lento e difícil.

Para descrever a ordem mundial podemos mencionar três tipos de modelos, nomeadamente: Modelo Unipolar – há uma potência hegemónica que estabelece e garante o cumprimento das regras de coexistência entre os Estados que integram a cena internacional. É indispensável que a potência hegemónica tenha capacidade económica e militar para proteger os seus aliados e enfrentar os adversários. Este modelo surgiu com a desintegração da União Soviética (URSS), ficando os Estados Unidos de América (EUA) como potência hegemónica no sistema internacional;

Modelo Bipolar – existem duas potências com aspirações hegemónicas que se organizam em blocos político-militares contrários e hostis entre si. Este modelo surgiu durante a Guerra Fria, na qual os EUA representam o bloco capitalista e a URSS o bloco comunista;

Modelo Multipolar – o poder está distribuído entre vários Estados poderosos do sistema internacional. Atualmente, prevalece este último modelo. Caracteriza-se por ser muito instável, visto que os Estados lutam entre si para obter uma maior quota de poder, verificando-se a visão hobbesiana “Bellum omnium contra omnes” (guerra de todos contra todos).

Em suma, é essencial que existam instituições de governança global que garantam alguma estabilidade e previsibilidade no sistema internacional. Não obstante, convém relembrar que o poder é um elemento fulcral para a concretização dos desígnios políticos dos Estados e por vezes ultrapassa o próprio Direito Internacional Público.