Madeira

CCIF será uma "nova centralidade" na cultura, investigação e tecnologia

Na visita ao novo Centro Cultural e Investigação do Funchal, Pedro Calado fez questão de referir os desafios que encontrou quando herdou este projecto

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A poucos dias da inauguração do Centro Cultural e de Investigação do Funchal (CCIF), que ocorre esta sexta-feira, o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, visitou o espaço, que se encontra situado no antigo matadouro do Funchal, no Campo da Barca.

Na ocasião, Pedro Calado explicou que este Centro, que se encontra dividido em dois módulos (o cultural e o científico-tecnológico) visa ser uma nova centralidade da capital madeirense, trazendo assim um cenário revigorado para a Cultura, Investigação e Tecnologia na Região Autónoma da Madeira.

"É um espaço fantástico com uma projecção a nível nacional e internacional enormes para ajudarmos os grupos culturais do Funchal e da Região também a terem aqui os seus trabalhos e a apresentarem-se", afirmou, destacando o CCIF como um local de expressão cultural e exposições internacionais que enriquecerão o conhecimento de toda a sociedade.

A sala de espetáculos do CCIF, que vai contar com 375 lugares, está destinada tornar-se um complemento vital ao Teatro Municipal Baltazar Dias, acolhendo não só espectáculos artísticos, como também workshops, congressos, e demais eventos. 

Quanto à área científico-tecnológica, que já se encontra em funcionamento, o autarca destacou a importante parceria nacional, o eGames Lab, que foi uma candidatura efectuada no âmbito do PRR e que permitiu alocar cinco milhões de euros ao CCIF, estando já a dar frutos. "Temos já 31 bolseiros e investigadores a trabalhar a partir do centro para todo o mundo. Estamos a desenvolver software e estamos a dar oportunidade aos nossos jovens, que são formados na Região, de trabalharem na Região para todo o Mundo", sublinhou.

Mas, apesar de progressivamente este novo espaço ficar apetrechado com toda a qualidade para as áreas da cultura e das energias criativas, o presidente da autarquia fez questão de relembrar os desafios que a equipa efectuou assim que herdou este projecto da anterior autarquia, em finais de 2021. "Nunca julgamos que tivéssemos tanta dificuldade para apetrechar e preparar este Centro, porque não estava minimamente preparado para aquilo que hoje estamos aqui a ver", disse, reforçando que o edifício estava em bruto quando receberam o projecto e, como tal, foi necessário realizar uma série de obras e aquisições para torná-lo funcional. "Primeiro foi preciso acabar as obras, porque elas não estavam concluídas e haviam rectificações que tinham de ser feitas e tudo isso levou muito tempo", sublinhou.

Nesse sentido, Pedro Calado realça que a falta de lugares de estacionamento foi uma das principais contrariedades encontradas aquando da passagem de testemunho. "Nós aqui estamos focados em encontrar soluções para os problemas. Esse, efectivamente, foi um problema que nos deixaram quando recebemos este projecto. Acho que tinha um potencial enorme de fazer aqui duas centenas ou mais de lugares de estacionamento, mas vamos virar a página e pensar em soluções", disse, referindo que algumas das respostas a esse contrariedade vão passar pela utilização de 'shuttles' para fazer o transporte de pessoas mais idosas e com menor locomoção, por uma alteração de trânsito "que permita um desafogo em termos de estacionamento e acessibilidade" e a utilização do parque de estacionamento no Campo da Barca, que "estará disponível a horas acessíveis para todo".

Programação diversificada para todos os públicos

O director do CCIF, Francisco Faria Paulino, compartilhou todos os detalhes sobre a programação artística planeada para o CCIF em 2023. "Estão previstos espectáculos, um por mês mais ou menos, em termos da sua diferença do que é normal."

Para começar, na inauguração, na sexta-feira, a Orquestra de Jazz do Funchal vai dar um concerto, "onde simbolicamente será mostrada a pujança da arte madeirense". Depois, de 21 a 24 de Setembro, vai decorrer o Festival de Cinema Italiano, que já vai na sua 16.ª edição. A seguir a isso, haverá um espectáculo mais intimista, 'de Choupin até à Lapa', com dois virtuosos da guitarra clássica e de Coimbra. E, por fim, após a realização de uma série de congressos, entre os quais se destaca a Expo Sénior e o TEDx Funchal, o ano vai encerrar com um memorável concerto 'The Gift - Coral', que vai colocar lado a lado a conceituada banda nacional com o Coro de Câmara da Madeira, entre os dias 14 e 16 de Setembro.

Neste sentido, com este recheado leque de actividades, o director destacou que o objectivo do CCIF será tornar este espaço acessível a todas as faixas etárias e públicos. "Interessa-nos particularmente os jovens, como também nos interessa muito os idosos, as pessoas das zonas altas, as pessoas que têm de ser alvo de uma política muito séria de dinamização cultural, como estamos a tentar fazer", enalteceu.

É uma casa de espectáculos, mas que nós gostaríamos muito que fosse o centro difusor de um espírito de viver a cultura e a arte. Ou seja, a arte é para nos tornar felizes, para fazer com que a vida seja mais agradável, e é esse elo que leva as pessoas a gostarem da arte e a viver com ela que nós queremos desenvolver Francisco Faria Paulino, director do CCIF

Por fim, Faria Paulino esclareceu que outra das metas será a de também estabelecer a cooperação com outras instituições culturais da Região e do país. "Como nós pertencemos à CMF, vamos fazer uma coordenação, obviamente, com o Teatro Municipal, mas tentaremos fazê-la com as outras instituições e com os outros organizadores de concertos e actividades artísticas, para que realmente exista uma maior harmonia e possamos todos ter tempo para fluir das artes que se farão", concluiu.

A partir desta sexta-feira, o CCIF conta com três exposições que podem ser vistas por todos. A primeira 'Fernão de Ornelas e a Revolução urbanística da cidade do Funchal' pretende não só homenagear o autarca, que entre 1935 e 1947, foi responsável pela configuração da baixa da capital madeirense, mas também apresentar a evolução que a própria cidade vivenciou ao longo dos anos.

A exposição 'reNascimento: História de uma expansão', através dos registos das objectivas de quatro fotográfos (José Zyberchema, David Francisco, Sandra Boloto e Evangelina Sousa' apresentam a história do emblemático edifício que deu origem ao CCIF: o antigo Matadouro Municipal do Funchal.

Por fim, 'Pablo Picasso - Os Jogos do Amor e da Morte' apresenta ao público uma colectânea de cem gravuras e desenhos de Pablo Picasso, que foram exectuados entre 1930 e 1937.