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PSP a servir a Madeira desde 1878

Uma instituição de segurança pública que presta serviço à população por 145 anos é uma prova de dedicação à proteção e à causa pública, que merece não apenas gratidão, mas também uma análise profunda da sua importância e relevância para o equilíbrio da sociedade desta famosa pérola do atlântico.

Ao longo de um século e meio, o Comando Regional da Polícia de Segurança Pública da Madeira (CRM/PSP), e os seus profissionais têm desempenhado um papel vital na manutenção da ordem, segurança e bem-estar da população madeirense, onde a confiança que depositam em nós é um testemunho da nossa credibilidade e integridade.

Por uma questão de lógica, as minhas primeiras palavras são para saudar e agradecer os meus colegas polícias, os funcionários civis e os nossos colaboradores que desempenham funções no CRM, que completa hoje, 1 de setembro, o seu 145.º aniversário.

Uma palavra muito especial ao novo diretor nacional da PSP, o Senhor Superintendente – Chefe, José Barros Correia, que nesta qualidade nos visita pela primeira vez, e que também quis associar-se a este momento tão significativo para a Instituição, mas não menos importante para a região e mesmo para o país, que já esta implementada nesta pitoresca ilha da Madeira desde o ano de 1878, data que invoca simultaneamente não só a instalação do primeiro Comissariado da Polícia Civil no Funchal, como também na força de segurança mais antiga e mais importante nesta região autónoma.

A presença da PSP na Madeira é mais do que uma simples força policial; é um elemento essencial do tecido social. Os profissionais da polícia são mais do que simples agentes da autoridade; são vizinhos, amigos e defensores dos madeirenses e dos forasteiros que nos visitam. A proximidade com a população cria uma ligação genuína e um sentimento de confiança pessoal. Esta abordagem cooperativa ajuda a criar um ambiente de cooperação em que a polícia, as instituições regionais e a comunidade trabalham em conjunto.

No entanto, como em qualquer história longa e complexa, apesar dos sucessos acumulados em 145 anos de serviço, e embora a instituição seja uma fonte de orgulho, nem tudo é um mar de rosas. Em meu entender, a partir do início do século XXI e à medida que os anos passaram, desafios inesperados surgiram. As mudanças nas políticas governamentais trouxeram dificuldades financeiras, e pouca atratividade dos jovens portugueses em concorrer à PSP, colocando em risco a capacidade do CRM de manter nos seus quadros um número de efetivos suficientes para as missões a desenvolver nesta RAM, que já está a provocar vários constrangimentos na maioria das nossas esquadras, que necessitam de recursos que nem sempre estão disponíveis.

Depois, o “boom” turístico, que após a pandemia, deram origem à proliferação de eventos musicais, culturais e desportivos, são uma faca de dois gumes na Madeira. Enquanto traz vitalidade económica, também traz desafios para a PSP, exigindo ao comando regional um planeamento cuidadoso e distribuição eficiente dos efetivos policiais, especialmente durante o verão, que tem sobrecarregado os polícias e os limitados recursos da própria polícia, é uma tarefa complexa, mas, não está por enquanto a afetar a capacidade de resposta da PSP em emergências.

Há que considerar, ainda, que a burocracia, por vezes, tem feito sombra sobre a agilidade que a situação exige, veja-se por exemplo, a construção e reconstrução das esquadras degradadas, que infelizmente não saem do papel.

Além disso, a questão da comparticipação dos medicamentos e à falta gritante de assistência na doença, muitas vezes assumida pelo governo regional, é um espinho entrelaçado com as rosas, porque o Estado não assume a sua responsabilidade, originando conflitos entre governos, embora inevitáveis, tem deixado infelizmente cicatrizes que desafiam a imagem imaculada do CRM e preocupam os polícias.

Meus caros amigos se olharmos bem para o comando regional, aprendemos que a verdadeira resiliência não reside na ausência de desafios, mas na habilidade de enfrentá-los, adaptar-se e continuar a servir, mesmo quando nem tudo é um mar de rosas.