Artigos

Que tal um pouco de cidadania!

Tudo aquilo que é mais que evidente, normal, natural e até lógico, hoje em dia tem de ser ensinado

Ao que me apercebi, a cidadania, é tudo aquilo que os países organizados com a sua própria constituição, concedem e dispõem a todas as pessoas, num conjunto de direitos e de deveres, indispensáveis á vida em comum, á vida em sociedade, mantendo sempre o respeito, pelo semelhante, pelo vizinho, pelo colega de trabalho, pelo familiar, ... nunca colidindo com os direitos e deveres dos outros, evidentemente. Claro que a cidadania pode colocar-se em termos políticos, em termos sociais e civis, de modo a se conseguir a melhor organização e o melhor equilíbrio social possível. Recordando alguns deveres relacionados com a cidadania, consideram-se entre outros, proteger e educar os familiares, velar e proteger os bens públicos e bens patrimoniais, proteger a natureza, contribuindo para a sua manutenção, ... e como imaginam, mais um “sem número” de actos de preservação do bem comum, dependendo até, da geografia dos espaços territoriais. A cidadania também consta como matéria escolar, com a intenção de preparar o volumoso público escolar para uma vida em sociedade, dentro das regras aprovadas e estabelecidas por cada país. Aproveitando a oportunidade e exemplificando, no Japão, ninguém, ... e repito, ninguém, deita para o chão nenhum tipo de lixo! Vocês acham isto possível? Podem sempre viajar para esse país e assim poder constatar!

Para vos situar melhor, trouxe alguns exemplos práticos, corriqueiros, diários, frequentes, permanentes, chocantes, ... relacionados com a vida social nas nossas cidades: estacionar “á lá carte” em cima dos passeios pedonais; parar na via pública ... quantas vezes tirando a visibilidade ao trânsito ... seja para comprar pão, tabaco, Xanax ou chicletes; parar subitamente, para mudar de condutor, ou para deixar um familiar, ... neste caso, sem esquecer o beijinho de despedida,... provocando uma orquestra de “klaxons” com um coro de buzinadelas monumental; desfile diário de motorizadas com decibéis 300% acima do permitido, portanto “fora da lei”, incomodando a população de manhã, á tarde e á noite. Eu disse fora da lei, porque existe uma lei muito clara, mas não existem aparelhos para controlar os decibéis deste tipo de veículos; deitar beatas para o chão,... coisa absolutamente normal, entre os fumadores - apesar de haver uma coima para sancionar este acto ridículo e desprezível - fumadores que sabem perfeitamente o mal que fazem ao seu corpo, para além das despesas que sugam nos serviços de saúde, ... porque não têm de pagar os seus erros voluntários. No Reino Unido, os fumadores podem perder o livre acesso á saúde por via deste facto! Podem e devem sempre confirmar, por favor! O que acho mais ridículo é: deitar chiclets no chão, ... e “lanchar” pipocas com coca-cola, no cinema durante o evento, fazendo aquele barulho duma trituradora “moulinex”, ... com a boca bem aberta! E já agora, passear o animal de companhia, sem levar o “kit-WC”, ... fazendo depois “vista grossa” quando o “anjinho” resolve naturalmente esvaziar os esfincteres a meio da calçada madeirense, ... “sem ai nem ui”! Mas, ao que percebo, os pormenores que se podem atribuir a esta falta de cidadania, são imensos, recorrentes e permanentes. Há muitos anos atrás dir-se-ia: - Parece que não tomaram “chá” em pequenos! Agora tudo é normal e natural! A condescendência chegou aos 35 graus negativos e está congelada! E como exemplo da condescendência na actualidade, vejam as trotinetes: antigamente, eram objectos de diversão oferecidos ás crianças, no aniversário ou no Natal. Agora são objectos de transporte rodoviário, alternativo, utilizados como brinquedos de diversão, por adultos e jovens imberbes, ... sem quaisquer regras, sem controlo, sem código, com total ausência de idoneidade mental. Tudo isto a bem da poupança do nosso oxigénio! Repito o actor americano C. Eastwood, quando disse um dia: “Todo o mundo fala em deixar um planeta melhor para os nossos filhos. Na verdade, deveríamos tentar deixar filhos melhores para o nosso planeta!”

Voltando ao cerne deste problema, acho que estará na iliteracia populacional e nessa incapacidade em transmitir aos descendentes e pessoas a seu cargo, as básicas e intrínsecas obrigações da vida em sociedade... porque os direitos, todos eles sabem “na ponta da língua”! Hoje o importante é ganhar um motivo e um pretexto para fazer confusão, uma manifestação, fazer conflito, e provocar uma guerra urbana! Vejam o caso de Nanterre... um rapazinho, menor de idade, a conduzir sem carta a 120 km/hora pelo meio da cidade, provocando com esta atitude inexplicável, riscos imensos para a população... e depois a coisa corre mal,... e as “culpas” têm de ter a sua vingadas! Situação que nunca se deverá repetir!

Tudo aquilo que é mais que evidente, normal, natural e até lógico, hoje em dia tem de ser ensinado, explicado, escrito, traduzido, para que, todo o ser que vive em sociedade perceba onde estão os limites das suas actuações e as barreiras do seu estado de manobra!

O exercício dos direitos e dos deveres estão na mesma página do texto, lado a lado, ... e na prática, a teoria não pode ser outra. Reflitam, se fazem o favor!