Artigos

Estaremos na antecâmara do céu…

A cidadania não se restringe ao dever de votar, mas também ao direito de exigir o cumprimento dos compromissos eleitorais

Na Madeira, vivemos um período que eu diria que é a antecâmara do céu. Os nossos políticos têm tudo o que de melhor haverá para nos prometer: o céu na terra! Até ao dia 24 de Setembro!

Todos querem reduzir os impostos. Até os que podem fazê-lo, prometem reduzir impostos, quando, até agora, não o fizeram. Sobretudo no que toca ao IVA e ao IRS. Não podemos esquecer que, as regiões autónomas têm competência para os reduzir até 30%. A exemplo da Região Autónoma dos Açores que os reduziu e, no caso do IVA, as taxas são: a reduzida 4%, a intermédia 9% e a normal 16%. Já na Madeira, elas são, respectivamente, 5%, 12% e 22%. Pagamos mais 30%!

A redução dos impostos não é favor, mas sim uma forma de compensação pelas condições de ultraperiferia que afectam o custo de vida dos seus residentes.

E a propósito, não será despiciendo recordar a isenção de IVA em certos produtos alimentares e o aumento do custo generalizado, mesmo desses produtos. Era, também aqui, que se pediria mais eficientes serviços públicos. Era exigível que acompanhassem a evolução dos preços depois da redução/eliminação do IVA. Mas, em nome da livre concorrência de mercado, o cidadão continuou a ver a inflação crescer, mesmo quando os nossos governantes vinham dizer o contrário. Por outro lado, não basta admitir mais de dois novos funcionários por dia. É preciso que, muitos deles, sejam formados, definidas as acções e saírem dos gabinetes para o terreno. O exemplo mais flagrante da ineficácia do sistema é o que sucede com muitos dos subsídio-dependentes que são indevidamente beneficiados, obrigando os outros a trabalharem mais para pagarem mais impostos que serão redistribuídos por muitos que não querem trabalhar ou só querem trabalhar nos biscates, prejudicando ainda mais a economia.

Em termos de serviços aos cidadãos, será oportuno lembrar o episódio em que Gabriel Drumond, presidente da câmara de S. Vicente, ameaçou cortar o abastecimento de água ao Funchal. Com o dono das águas da Madeira a “atacar” forte e feio os concelhos que não são alinhados, com recursos e argumentos falaciosos, é bom de ver ao que vamos com “meninos” deste tipo no poleiro.

Enfim, é de todo primordial que olhemos para o programa eleitoral de cada um dos partidos que se perfilam, por forma a que estejamos aptos a escolher e, depois, exigir o cumprimento das promessas eleitorais. Afinal, deveria ser esse o guião da acção governativa dos candidatos, em caso de vitória.

A cidadania não se restringe ao dever de votar, mas também ao direito de exigir o cumprimento dos compromissos eleitorais. Se assim não for, durante a campanha eleitoral, somos levados aos ombros dos políticos e, depois, carregaremos com eles durante 4 anos.