Madeira

COSMOS fala em "desastre ambiental e grosseiros erros de engenharia" na Praia Formosa

Associação solicita que a Câmara Municipal do Funchal "tenha em atenção que a zona costeira é uma zona de risco"

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Foto DR

A COSMOS – Associação de Defesa do Ambiente e da Qualidade de Vida veio, através de comunicado, dar conta que tem acompanhado com "verdadeira preocupação" toda a problemática relativa à Praia Formosa, deixando ainda o alerta para "o desastre ambiental e para os grosseiros erros de engenharia".

"A médio prazo levarão ao desaparecimento de uma das praias mais emblemáticas do concelho do Funchal", sublinha a associação, que solicita ainda que a Câmara Municipal do Funchal, que está a trabalhar num Plano de Pormenor/Unidade de Execução para a Praia Formosa, "tenha em atenção que a zona costeira é uma zona de risco".

Por essa razão não pode ser abandonada a interesses particulares ou empreendimentos urbanísticos, porque com a actual e preocupante subida do nível do mar, acabam sempre os contribuintes por suportar com o seu dinheiro a defesa desses mesmos interesses, e com a agravante de perderem a própria zona de lazer, como infelizmente já está a acontecer na Praia Formosa  COSMOS – Associação de Defesa do Ambiente e da Qualidade de Vida

O primeiro erro apontado, que a associação já tinha denunciado e que considera ser "gravíssimo", foi a construção de um enrocamento que liga o pequeno ilhéu (leixão) a um segmento da praia Formosa.

Essa infraestrutura bloqueia a deriva sedimentar que é predominante no sentido oeste-este (nomeadamente da bacia da Ribeira dos Socorridos), criando um enorme depósito de areias a barlamar. Do outro lado desse 'esporão', a praia não tem sido 'alimentada', e tem emagrecido em toda a sua extensão, notando-se a olho nu, não só o recuo da linha de costa, como também um enorme défice de sedimentos (calhaus e areias) na própria praia.   COSMOS – Associação de Defesa do Ambiente e da Qualidade de Vida

Conforme explica a entidade, uma praia que não é 'alimentada', fica vulnerável, não só a "actual e preocupante" subida do nível das águas do mar, como também, "em alturas de grandes tempestades ou marés vivas, em que o mar avança pela terra adentro (efeito transgressivo), provocando enorme erosão e destruição de infraestruturas existentes".

"Para contrariar esse fenómeno destrutivo, o Grupo Pestana, proprietário de duas unidades hoteleiras no local, solicitou ao Governo Regional a construção de estruturas de defesa costeira, com o objectivo de proteger a sua propriedade das investidas do mar. O Governo regional, a pretexto de uma bela Promenade para usufruto da população, construiu em toda a extensão da Praia Formosa um longo paredão em betão, precisamente em cima da crista da berma da Antepraia, sujeita ao destrutivo jato de rebentação", pode ler-se no comunicado, que critica a decisão do executivo madeirense.

Esta atitude de grande irresponsabilidade do governo é um verdadeiro crime ambiental, e consubstancia uma espécie de sentença de morte da Praia Formosa.  COSMOS – Associação de Defesa do Ambiente e da Qualidade de Vida

Além disso, a COSMOS salienta que actualmente nos países mais desenvolvidos da União Europeia ninguém ocupa a antepraia ou zona de cordão dunar com estruturas fixas. Isto porque "as leis da dinâmica costeira ditam que quando há a rebentação das ondas junto a defesas costeiras frontais, estas provocam zonas de turbulência (backwash) que aliadas às correntes criadas pela dissipação dessa mesma energia no embate, arrastam os sedimentos (calhaus e outros inertes) para o largo, fazendo com que a praia 'emagreça' e acabe por desaparecer. E depois de desaparecer a praia, o mar acaba por descalçar e fazer colapsar essas mesmas defesas costeiras", sublinha.

Actualmente, não existe tecnologia nem engenharia que contrarie esse fenómeno, e só se consegue fixar temporariamente uma artificialização costeira injetando-se milhões de euros, que é o que o Governo Regional está a fazer ingloriamente na promenade que liga a Praia Formosa a Câmara de Lobos, e na Promenade que liga a Ribeira Brava à Tabua COSMOS – Associação de Defesa do Ambiente e da Qualidade de Vida