O Governo sírio revogou a acreditação da BBC, dias após a emissora pública britânica transmitir uma reportagem que ligava membros da família do Presidente e oficiais superiores do exército à produção e contrabando de drogas ilícitas.

O documentário, transmitido no final de junho, descreve um negócio multibilionário que envolve a anfetamina altamente viciante conhecida como Captagon.

O Ministério da Informação da Síria disse que revogou a acreditação da BBC após repetidos avisos sobre o que alegou serem "reportagens enganosas que se baseiam em declarações e testemunhos de entidades terroristas e hostis à Síria".

A BBC rejeitou as alegações do ministério, afirmando que fornece jornalismo imparcial e independente.

"Falamos com pessoas de todo o espetro político para apurar os factos", afirmou a BBC num comunicado enviado por e-mail à agência de notícias Associated Press (AP) durante o fim de semana. "Continuaremos a fornecer notícias e informações imparciais às nossas audiências em todo o mundo de língua árabe", acrescentou.

Os correspondentes da BBC na rádio e na televisão, bem como o operador de vídeo, perderam a acreditação.

A produção e o contrabando de comprimidos de Captagon floresceram na Síria devastada pela guerra nos últimos anos.

Os especialistas dizem que se trata de uma fonte de receitas para a economia paralisada do país e para o regime.

Jordânia e a Arábia Saudita, países vizinhos, bem como outros países do Golfo, há muito que se queixam do flagelo das drogas baratas provenientes da Síria.

O Captagon é usado como droga recreativa, mas também por combatentes no campo de batalha.

O Reino Unido, os Estados Unidos e a União Europeia sancionaram chefes da droga e colaboradores próximos de Bashar al-Assad pelo envolvimento no tráfico.

O Governo sírio nega qualquer envolvimento na produção do Captagon. Um deputado sírio disse à AP, no mês passado, que a Síria tem sido usada como um Estado de trânsito para o Captagon e outras drogas, e acusou grupos da oposição de gerirem a indústria.