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"O nosso país dá tantos tiros nos pés da cultura"

Francisco Simões não concorda com o encerramentos dos museus aos domingos

Paulo Macedo, administrador da Caixa Geral de Depósitos, na qualidade de coleccionador de arte e amigo de Francisco Simões, fez uma apresentação da exposição patente na Assembleia Legislativa da Madeira. 
Paulo Macedo, administrador da Caixa Geral de Depósitos, na qualidade de coleccionador de arte e amigo de Francisco Simões, fez uma apresentação da exposição patente na Assembleia Legislativa da Madeira. , Foto: Hélder Santos/ASPRESS

Foi na cerimónia de abertura da exposição 'Liaisons', que serve de homenagem feita pelo Instituto do Mundo Lusófono a Francisco Simões, que o próprio, que neste momento reside na Madeira, tece algumas críticas à forma como tem sido gerida a cultura em Portugal. 

Aos jornalistas, o escultor mostrou-se contra o encerramentos dos museus ao domingo, situação que considera "um dos tiros" que o país tem vindo a dar "nos pés da cultura". 

"Ao domingo é quando as famílias não estão a trabalhar e podem, em conjunto com os filhos, visitar museus e assim se enriquecer culturalmente", frisou, acrescentando que "é assim que se podem enriquecer culturalmente". Vê, por isso, esse encerramento ao domingo, que também acontece na Madeira, "como um desastre".

Francisco Simões homenageado com exposição na Assembleia Legislativa da Madeira

A mostra 'Liaisons' é composta por obras do escultor e outras de vários artistas que renome que integram a sua colecção privada, numa espécie de 'ligação' entre si e com os espaços onde os trabalhos estão patentes ao público

Esta colecção, e outros tantos que tenho lá em casa, esteve ao dispor dos responsáveis e dos administradores da cultura local, mas até agora ninguém se interessou. Com uma salvaguarda, que vim como militante da cultura. Sempre sublinhei e volto a repetir aqui, hoje, que não quero um tostão, não vim para cá vender nada, não vendo nada, vim para cá no sentido de dar, no sentido de contribuir de partilhar com os outros aquilo que é meu e que é uma vida de trabalho. Francisco Simões, escultor

Francisco Simões é um artista português contemporâneo, que tem um passado ligado à Madeira, onde viveu entre 1969 a 1975, enquanto professor, foi responsável pela Escola da Ribeira Brava e pela Escola da Calheta e na antiga Escola Industrial e Comercial do Funchal, actual 'Francisco Franco', tendo, também, dado aulas no Seminário Menor. De há cinco anos a esta parte, o escultor está a residir na Região, onde tem ligações familiares e onde possui um centro de artes, em São Roque, "ao qual toda a gente ficou indiferente", atirou.