'O Impacto das Migrações no Mundo Atual' foi o tema da 4.ª edição do MadeiraMUN, que hoje decorreu na Assembleia Legislativa da Madeira. José Manuel Rodrigues afirmou que “numa altura em que a Madeira e Portugal já começam a receber um número significativo de imigrantes, para colmatar as nossas carências de activos, é um imperativo que cada uma dessas pessoas não seja vista apenas como uma 'força de trabalho', mas como um ser humano com direitos e deveres, que merece acolhimento e integração na nossa sociedade”.

O presidente da ALRAM afirmou que "a nossa terra, que, ao longo de séculos, viu partir tantos dos seus para todos os cantos do mundo, à procura de uma melhor existência, não pode ser agora madrasta e tem agora o dever de acolher bem os que apenas procuram uma vida melhor na nossa comunidade". Na sua intervenção, referiu ainda que "se há questões que a todos nos devem preocupar são as que se prendem com os fluxos migratórios que crescem por todos os continentes e que derivam da guerra, da pobreza, das alterações climáticas, das perseguições políticas e religiosas e de outros fatores que têm provocado milhares de mortos, sofrimentos inimagináveis, racismo, xenofobia e tensões sociais e políticas que julgávamos erradicadas da nossa civilização, pelo menos da europeia, depois dos dois conflitos mundiais do século passado".

“A política migratória da União Europeia está aquém do desafio que é colocado pelas sucessivas vagas de migrantes e refugiados que vêm demandando o nosso continente à procura de uma vida melhor e mais digna. O que acontece semanalmente no Mediterrâneo ou no Atlântico exige respostas rápidas, adequadas e justas, porque está em causa a salvaguarda de vidas humanas”, vincou.

“O que se passa, aqui ao lado, nos mares das Canárias, onde morrem emigrantes vindos do continente africano, não nos pode deixar indiferentes”, disse José Manuel Rodrigues.

“O que olhamos e às vezes nem vemos nas nossas ruas, a poucos metros deste Parlamento, com cidadãos romenos, cidadãos da União Europeia, a serem explorados na mendicidade, tem de interpelar a nossa consciência.

São pessoas que fogem da guerra, da fome, de condições climáticas extremas, de regimes totalitários e que veem noutros países uma esperança para as suas vidas, esperando apoio e solidariedade e liberdade”.

“Espero que este MUN seja mais um contributo para esclarecer os nossos cidadãos sobre este fenómeno dos fluxos migratórios, os seus benefícios e prejuízos, na certeza, porém, de que está provado que eles constituem uma mais-valia para o crescimento económico e social, sobretudo da Europa, que atravessa um Inverno demográfico, mas acima de tudo porque são seres humanos como nós”, concluiu.

O que é a MadeiraMUN?

A MadeiraMUN é uma iniciativa em que os estudantes participam como “delegados” de um Estado membro da Organização das Nações Unidas (ONU) e simulam comités da mesma. O Madeira MUN ambiciona educar os seus participantes relativamente a questões cívicas, de comunicação eficaz, globalização e diplomacia multilateral.

Na edição deste ano, participam 42 alunos de seis escolas, entre elas a Escola Secundária Jaime Moniz, Escola Secundária Francisco Franco, Escola Básica e Secundária de Machico, Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol, Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco e Escola Básica e Secundária Bispo D. Manuel Ferreira Cabral (Santana).