A Guerra Mundo

Zelensky diz que não precisa de mediadores mas de uma "paz justa"

Foto Vatican News
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O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse hoje à televisão italiana RAI que respeita o Papa Francisco, mas que a Ucrânia não precisa de mediadores, a propósito de relatos de um plano de paz secreto do Vaticano.

"Com todo o respeito por Sua Santidade, não precisamos de mediadores, precisamos de uma paz justa", disse Zelensky numa edição especial do programa Porta a Porta, segundo a agência noticiosa italiana ANSA.

O Papa Francisco e Zelensky estiveram hoje reunidos, no Vaticano, num encontro que durou cerca de 40 minutos, tendo discutido assuntos relacionados com "a situação humanitária e política na Ucrânia, causada pela atual guerra", segundo um comunicado do Vaticano.

"Exortamos o Papa, tal como outros líderes, a trabalhar para uma paz justa, mas primeiro temos de fazer tudo o resto", disse, sublinhando que não faz sentido tentar envolver a Rússia no diálogo, por enquanto.

"Não se pode fazer mediação com [Vladimir] Putin. Nenhum país do mundo o pode fazer", comentou, sobre o Presidente russo.

Zelensky também disse que não falou com Putin, e que era necessária uma contraofensiva para expulsar os invasores russos do território ucraniano.

Hoje, decorreu o primeiro encontro do Papa Francisco com o Presidente ucraniano desde o início da guerra, embora os dois já se tivessem conhecido, porque Francisco recebeu Zelenski em audiência a 08 de fevereiro de 2020, quando falaram sobre "a situação humanitária e a procura da paz" no contexto do conflito que já envolvia a Ucrânia desde 2014.

Este novo encontro surge no âmbito da missão de paz do Vaticano, anunciada pelo Papa no voo de regresso da sua recente viagem à Hungria, cujos pormenores ainda não são conhecidos, embora uma fonte do Vaticano tenha afirmado à comunicação social russa que o encontro "não estava diretamente relacionado" com a mesma e que Zelenski solicitou a reunião com Francisco "apenas há alguns dias".

Além disso, o encontro ocorre numa altura em que se espera uma contraofensiva ucraniana iminente, com a qual Kiev pretende recuperar grande parte do território ocupado pelo exército russo.

Por todas estas razões, o encontro suscitou grandes expectativas, segundo a agência Efe, pois muitos esperavam que fosse um ponto de partida para negociações difíceis e complexas, nomeadamente a questão humanitária.

No dia 27 de abril, o Papa recebeu o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, que reiterou o seu convite para visitar a Ucrânia, viagem à qual Francisco sempre respondeu que faria quando pudesse ir também a Moscovo.