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Índice de envelhecimento

Um olhar atento permite-nos constatar que, hoje - passados 20 anos - este índice mais do que duplicou (x 2,15).

Já muito se tem publicado e falado sobre este tema, sendo interessante verificar que esta tendência não é linear, pelo que todas as previsões apontam para números que nos obrigarão a refletir muito sobre eles.

É também do conhecimento público, não só a nível regional, mas também nacional, os esforços muito importantes que a nossa região implementou com a constituição duma direção regional, especialmente dedicada à longevidade (Direção Regional para as Políticas Públicas Integradas e Longevidade - DRPPIL). Interessante também tem sido toda a dinâmica e atenção que a sua diretora regional e o Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil (SRSPC) têm dedicado a este assunto, nomeadamente na participação na reunião que decorreu recentemente nas Ilhas Canárias - a I CIMEIRA SOBRE O FUTURO DOS SISTEMAS DE SAÚDE DO ATLÂNTICO MÉDIO - integrando a Macaronésia alargada à parte Ocidental de África, Costa do Marfim, Mauritânia e Senegal, bem como Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe. É certo que esta região (Atlântico Médio) integra Regiões autónomas e ultraperiféricas da Europa e países pequenos que coabitam desde sempre com elas, pelo que penso que esta simbiose poderá fortalecer as duas partes e desenvolver programas e políticas que lhes serão comuns. Com especial realce para a criação dum centro de inovação, conhecimento e treino para a Longevidade, no quadro do INTERREG MAC 2021-2027, que saúdo e auguro os melhores resultados, já que terão como promotores a SRSPC e a DRPPIL, o que vem reconhecer que, tendo sido a RAM a ter a iniciativa da criação dum departamento governamental para LONGEVIDADE, estará mais bem posicionada para a sua coordenação.

Lembro-me dum artigo que li no DN há pouco tempo (10 de março passado) e assinado por uma conterrânea nossa que hoje trabalha na ONU (Marta Henriques Pereira), com o título “Madeira: a travessia do Atlântico para as Nações Unidas depois da União Europeia?” em que fazia referência às potencialidades de investimento e apoios que poderiam ser potenciados nesta associação, das RUPs (Regiões Ultraperiféricas e autónomas da Europa) com estes pequenos países SIDS (Small Island Developing States) que são particularmente apoiados pela ONU. E dizia “O estatuto da Região Autónoma da Madeira (RAM) na Europa é bem conhecido dos madeirenses. Quem não sabe que a RAM é uma das nove regiões ultraperiféricas (RUPs) que beneficiam de um pacote de apoios da União Europeia com o objetivo de atenuar as limitações associadas ao isolamento geográfico e a pequena escala das suas economias?” E depois de explicar o enquadramento das SIDS e dos apoios que recebem das Nações Unidas afirma: “Dentro desse grupo estão incluídas 38 ilhas estados que têm em comum o facto do seu isolamento, pequena dimensão económica, baixo número populacional e a exposição a crescidas vulnerabilidades climáticas.” E ainda: “De notar que dentro dos SIDS estão incluídos cinco dos nove países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Esses países, partilham não só características geográficas comuns à RAM mas também um passado histórico, cultural e linguístico.” E termina:” A 10.ª World Ocean Summit (que se realizou em Lisboa entre 27 de fevereiro a 1 de março, tendo o Dr. Miguel Albuquerque, como único orador das RUPs) poderá ter gerado o vento favorável para navegar a bombordo um novo episódio na internacionalização da RAM.”.

Ora, isto parece uma boa estratégia a aconselhar quem governa a região e o país, tendo em vista cativar fundos de apoio para o desenvolvimento de políticas de Longevidade, já que são também estes SIDS e RUPs que são mais procurados em termos de turismo e de pessoas mais velhas para aí se estabelecerem; sendo certo que a estratégia a implementar deverá ser sempre a de possibilitar a essas pessoas e aos residentes que vivam em autonomia física e psicológica sustentáveis, em “Cidades para todas as idades”, invertendo o paradigma do envelhecimento.