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Isabel Nicolau contratada sem entrevista após despedimento de antecessor

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Um relatório aponta que Isabel Nicolau, com quem a ex-presidente executiva da TAP tinha uma relação pessoal, foi contratada para diretora sem ser entrevistada e após despedimento do antecessor, contrariamente ao comunicado pela empresa, revelou hoje o BE.

"Recebemos um relatório sobre o potencial conflito de interesses da contratação de Isabel Nicolau como diretora de Eficiência e Estabilidade. [...] O relatório diz que não havia nenhuma entrevista programada, que não havia sequer três candidatos", afirmou a deputada bloquista Mariana Mortágua, na audição do presidente da comissão de vencimentos da TAP, Tiago Aires Mateus, na comissão de inquérito à TAP.

Segundo a deputada, o relatório, a que a comissão teve acesso, refere também que o antecessor de Isabel Nicolau não decidiu deixar a companhia, como foi comunicado pela TAP, mas sim despedido.

Adicionalmente, o mesmo documento conclui que Isabel Nicolau foi ganhar mais 30% do que o anterior diretor, num contexto de aplicação de cortes salariais aos trabalhadores da companhia a passar por um plano de reestruturação.

Questionado pela deputada, Tiago Aires Mateus disse não ter conhecimento desta situação.

Em outubro de 2022, alguns meios de comunicação social deram conta da contratação de uma nova diretora para a companhia aérea, sem experiência na área da aviação e que seria amiga da então presidente executiva (CEO), Christine Ourmières-Widener.

No mesmo dia, a TAP rejeitou a interferência da presidente executiva na contratação de nova diretora, apesar de "relacionamento pessoal recente", e sublinhou que Isabel Nicolau tem "duas décadas de provas dadas" a liderar equipas em empresas de engenharia.

"Contratámos, no início de outubro, uma nova diretora de processos, 'real estate' [imobiliário] e sustentabilidade, com mais de duas décadas de provas dadas a liderar equipas técnicas e comerciais em empresas de engenharia", começou por referir a Comissão Executiva da TAP, em nota enviada aos trabalhadores na ocasião, a que a Lusa teve acesso.

"O processo de seleção foi conduzido exclusivamente pela administradora do respetivo pelouro e pela diretora de Recursos Humanos, tendo sido entrevistados três candidatos para esta posição, sem que a atual CEO tivesse tido qualquer participação na decisão", lê-se na mesma nota.

A Comissão Executiva sublinhou que "ainda assim, porque esta nova diretora tem um relacionamento pessoal recente com a atual CEO, a sua contratação está a ser associada a este facto, o que se rejeita".

Na nota enviada aos trabalhadores, a empresa esclareceu também que o valor de 15.000 euros referido para o salário da nova diretora, que foi avançado nas notícias, "não corresponde à realidade, sendo substancialmente inferior".