Desporto

Sindicato de Jogadores propõe Acordo Colectivo de Trabalho no futebol feminino

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O Sindicato dos Jogadores (SJFP) apresentou hoje uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que pretende levar à mesa negocial e dê às futebolistas melhores condições.

"O nosso trabalho, que dura há um ano -- tivemos de estudar direito comparado, analisar bem as propostas, etc. -, vem plasmar aquilo que o nosso governo, aquilo que a Federação, aquilo que a comunidade pretende para as mulheres em Portugal, para o futebol feminino", disse o presidente do SJFP à agência Lusa.

Joaquim Evangelista sublinhou que o documento hoje entre à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), na expectativa que esta o medeie em sede negocial com as Associações e clubes, não surgiu do nada e que, antes, se enquadra na realidade internacional e nacional.

Este ACT, que contempla questões específicas da mulher, da maternidade, da doença, da menstruação, do assédio moral e sexual, prevê também a igualdade em termos salariais, com o Sindicato a propor, numa base ainda negocial, três salários mínimos (2.280 euros) para contratos profissionais, o equivalente aos jogadores da I Liga (na II Liga é duas vezes e meia o salário mínimo nacional).

"É um documento progressista, vanguardista, mas, ao mesmo tempo, sensato, equilibrado e que vai de encontro aquilo que é proposto (...). Aquilo que os nossos governantes e dirigentes desportivos defendem, está a ser consequente, a consagrar aquilo que tem sido programado", defendeu o sindicalista.

Joaquim Evangelista tem a expectativa de ver o documento entrar em vigor ainda antes do início da época 2023/24, após negociação com os clubes, garantindo que o mesmo não precisará de ser homologado em Assembleia Geral, mas ter a concordância dos clubes participantes na Liga feminina e do Sindicato.

Ainda em matéria salarial, o dirigente sindical revelou que as propostas se destinam apenas aos contratos profissionais das jogadoras na Liga, embora a ideia é que o campeonato nacional venha a ser profissional, que é esse o caminho a seguir.

"Pretendemos que a Liga venha a ser profissional, toda a lógica do futebol feminino assenta nisso, na profissionalização do futebol. Queremos ter mais praticantes, criamos expectativas às jovens, temos em vez de dar precariedade, de dar estabilidade, que se dá através de contratos e estabilidade mínima económica", argumentou.

Esta época na Liga feminina são 191 as jogadoras com contratos profissionais entre os 12 emblemas participantes, embora sejam apenas Benfica, Sporting e Sporting de Braga os únicos clubes que têm os plantéis abrangidos pelo 'profissionalismo'.

Alguns contratos profissionais entram também em seis clubes da segunda divisão, e em jogadoras das equipas B, num cenário em que o salário mínimo em vigor é correspondente ao mínimo nacional, que é de 760 euros.

Joaquim Evangelista considera que tudo tem crescido no futebol feminino, desde as receitas, às praticantes, aos adeptos e que isso é mérito das jogadoras e que todas devem ter condições mínimas iguais, porque só assim "é possível progredir".

"Se queremos um futebol feminino em Portugal temos que lhe dar condições para evoluir", acrescentou, lembrando que se está a falar de condições mínimas e não máximas, não fazendo sentido que o Sindicato não acompanhasse isto.

A finalizar, o dirigente disse que será estranho se encontrar reticências da parte dos clubes, argumentando que não se pode defender a igualdade de género, quer na sociedade, quer no desporto, e quando é necessário dar a cara não estejam no lado delas.

"É uma política internacional e nacional, que incorpora documentos estratégicos do governo, do desporto e, portanto, genericamente, o que dizemos é que vamos discutir se é mais para cima ou mais para baixo", disse.

Também à agência Lusa, fonte da FPF revelou que o organismo já "enviou aos clubes e associações com presença nas provas femininas" a proposta do Sindicato, "para que possam refletir e contribuir com comentários".