Os transtornos da vida humana

Dizem que as pessoas que vivem sozinhas tendem a adquirir comportamentos estranhos. Mas na verdade, tenho olhado ao meu redor, quer-me parecer que estamos todos estranhos. Há uma malevolência subtil, mais à solta por aí. Não compreendo o nível de frustração que deve ser para se ter a necessidade de se estar constantemente à procura de uma vítima perfeita, sobre quem se possa libertar da forma mais obscena a sua infelicidade. Não digo que o fazem de propósito, muitas vezes nem se dão conta. Porém vangloriam-se por se tornarem especialistas em analisar os comportamentos dos outros, mas esquecem-se de analisar os seus.

Hoje tratam-se as pessoas de acordo com o nível de retorno que nos poderão facultar, fala-se muito sobre tudo sem, no entanto, revelar nada. A meu ver, uma perda de tempo esquecemo-nos de quão bom é baixar a guarda e ter uma conversa genuína sobre diversos temas, que expandem a nossa mente e a nossa visão. Há uma perversidade implementada nas profundezas do nosso subconsciente, uma falta de ética; atrevo-me a dizer, uma falta de humanismo. O narcisismo, um egocentrismo estão cada vez mais evidentes, já nem nos damos ao trabalho de disfarçar. Isto tudo aliado a uma falta de saber estar só, de conhecer a si mesmo e de tentar ser um ser humano melhor. Estamos com a nossa identidade fragilizada, onde não se cultivam princípios nem valores.

Quando é que isto começou a ser o “novo normal”?

João Diz