Primeiro-ministro da Finlândia anuncia reabertura de parte da fronteira com Rússia
A Finlândia vai reabrir parte da fronteira com a Rússia, anunciou hoje o primeiro-ministro, depois de ter fechado toda a sua fronteira em novembro, acusando Moscovo de orquestrar uma crise migratória às suas portas.
"O governo decidiu hoje manter a fronteira oriental fechada, com exceção de dois postos fronteiriços" -- Vaalimaa e Niirala (ambos no sul), afirmou Petteri Orpo, numa conferência de imprensa em Helsínquia.
Os dois postos fronteiriços estarão novamente abertos a partir de 14 deste mês e assim de manterão até 14 de janeiro de 2024.
"O Governo voltará a fechar todas as fronteiras [...] se a migração instrumentalizada continuar", declarou, por seu lado, o Ministério do Interior finlandês, mas num comunicado.
Segundo as autoridades finlandesas, quase 1.000 requerentes de asilo, principalmente da Somália, do Iraque e do Iémen, apareceram nos postos fronteiriços entre os dois países desde o início de agosto.
Helsínquia acusa Moscovo de deixar passar deliberadamente estes migrantes, denunciando um "ataque híbrido" destinado a desestabilizar a Finlândia.
O Kremlin rejeitou estas acusações no final de novembro, alegando que os guardas fronteiriços russos estavam apenas a obedecer às suas "instruções de serviço".
"De acordo com a avaliação das autoridades, a ameaça da migração instrumentalizada continua a existir e é possível que a Rússia continue as suas operações", insistiu Orpo.
"Sem eliminar estas restrições [o encerramento da fronteira], não poderemos confirmar se houve uma mudança para melhor", acrescentou.
Em fins de novembro, a Finlândia encerrou todos os nove postos de fronteira com a Rússia, argumentando que as autoridades russas têm vindo a incentivar a passagem irregular de pessoas provenientes sobretudo do Médio Oriente, a fim de criar tensões na fronteira e forçar o país vizinho a acolher mais refugiados.
Na ocasião, o Kremlin atribuiu a decisão de Helsínquia à "russofobia" que se tem vindo a desenvolver nas instituições finlandesas nos últimos anos.
"Este facto só nos causa profundo pesar, porque há muito que mantemos boas relações com a Finlândia, pragmáticas e baseadas no respeito mútuo", afirmou então o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.
"Lamentamos que estas relações tenham sido substituídas por uma posição exclusivamente russofóbica, à qual os dirigentes começaram agora a aderir. Infelizmente, é esta a situação", afirmou.
Na semana passada, a Finlândia anunciou que a partir da meia-noite de sexta-feira para sábado, quatro dos nove postos fronteiriços - os do sudeste - ao longo dos 1.330 quilómetros que partilha com a Rússia seriam encerrados por um período de pelo menos três meses.
A Finlândia explicou que, nos últimos meses, coincidindo com a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), se registou um aumento significativo do número de chegadas irregulares provenientes da Rússia.
Outros países da região referiram situações semelhantes ao longo das suas fronteiras comuns com a Rússia.