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PS prevê que processo de eleição interna só permitiria legislativas em Março

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Foto: MIGUEL A. LOPES

O presidente do PS, Carlos César, transmitiu ao Presidente da República que o processo de substituição da liderança do partido só permitiria eleições legislativas em "meados de março" e vincou a importância da aprovação do Orçamento do Estado.

No entanto, o PS defendeu hoje, perante o Presidente da República, que "a solução preferencial" para o partido seria a nomeação de outro primeiro-ministro para chefiar um novo Governo apoiado pela atual maioria parlamentar socialista, após a demissão de António Costa.

No final da ronda de audiências em Belém dos oito partidos com assento parlamentar para uma eventual dissolução do parlamento, Carlos César disse ter transmitido ao chefe de Estado a "profunda confiança na sua decisão em qualquer dos casos" e na vitória do PS, em caso de eleições antecipadas.

"Mesmo num quadro em que o Presidente da República decida pela antecipação de eleições, é muito importante para o nosso país termos o Orçamento do Estado aprovado. Qualquer solução dessa natureza não deve colocar em perigo a existência desse instrumento, fundamental para a capacidade do Governo e dos interesses do país", defendeu, por outro lado.

O presidente do PS comunicou ainda a Marcelo Rebelo de Sousa a cronologia dos procedimentos internos necessários para o partido substituir o seu secretário-geral, que não detalhou perante a comunicação social.

"Naturalmente que não esperávamos -- embora talvez fosse essa a ambição de alguns partidos -- que, no quadro de eleições antecipadas, elas fossem tão, tão depressa que o PS não pudesse concorrer", ironizou.

Assim, "no caso de existirem eleições antecipadas", o PS indicou a Marcelo Rebelo de Sousa que estas se deveriam realizar "em meados de março" para permitir aos socialistas cumprir todos os procedimentos internos.

"Num quadro de eleições antecipadas, confiamos na vitória do PS (...) Estamos muito à vontade muito tranquilos com a decisão que o Presidente da República tomar", disse.

Questionado pelos jornalistas sobre as suspeitas de corrupção levantadas pelo Ministério Público na investigação que envolve alguns membros do Governo e dos seus gabinetes, Carlos César voltou a criticar o comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR).

"Tivemos uma comunicação do gabinete da PGR marcada por uma opacidade e ligeireza incomuns mas que, na interpretação do primeiro-ministro, colocariam em causa a honorabilidade que entendia que o cargo que ocupa devia preservar. Portanto, se ele pecou foi por excesso de honradez e de nobreza", considerou.

O presidente do PS considerou desejável que tivessem existido mais esclarecimentos da PGR, do Ministério Público "e do Supremo Tribunal", defendendo que estes deveriam ter acontecido desde o início.

"Quando se lançam suspeições daquela natureza, há um primeiro-ministro com uma consciência muito apurada do seu cargo e da sua responsabilidade. Aquilo que posso dizer é: feliz do país e do partido que tem um líder como o dr. António Costa", insistiu.

O presidente do PS esteve em Belém acompanhado do secretário-geral adjunto João Torres e do líder parlamentar Eurico Brilhante Dias.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.

O Presidente convocou hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira, dia em que está previsto falar ao país.

António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".