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Baixas médicas

São já tantos os anos passados a tentar dizer alguma coisa de jeito com tão poucos caracteres disponíveis que depois me baralho... E posso estar a repetir o tema; se for esse o caso, aceitem por favor as minhas mais sinceras desculpas!

Peço que compreendam, no entanto, que a frequência com que sucedem determinado tipo de situações levam a uma crescente indignação, sendo que também cresce o sentimento de impotência, tamanha é a falta de noção por parte dos prevaricadores. Que são vários.

Falo, como indica o título, das baixas médicas. Não as justificadas e fruto de doenças ou maleitas a que todos estamos sujeitos, mas das outras, aquelas que são pedidas e, infelizmente, concedidas com a mesma facilidade com que se vai comprar um iogurte ao supermercado.

Andamos cada vez mais sujeitos a lidar com a ameaça, muitas vezes até verbalizada sem qualquer respeito por quem tem de fazer as vezes de quem falta: - o colega de trabalho. À mínima questão ou problema, levamos com a dita cuja em cima que até “arrepimpamos”!

A título de exemplo, fui recentemente obrigado a chamar a atenção a um colega e este, num exercício impressionante de falta de respeito e de noção, tratou de responder com maus modos, como se eu não tivesse por função regular o trabalho, estabelecendo regras e procedimentos.

O sujeito saiu de ao pé de mim dizendo: - não estou para aturar mais isto e vou mas é lá abaixo tratar de pôr a minha carta. Não sei o que é “lá abaixo” mas o que veio de volta foi uma baixa. Já vai em três, sabendo eu que o indivíduo se encontra a trabalhar entretanto na construção civil mas carta, nem vê-la…

Para piorar, foi criado um processo kafkiano de denúncia destas situações que, não tenho pejo nenhum em afirmá-lo, tem como objectivo evitar que alguém possa sequer ponderar perder tempo com o assunto. Claro que um endereço de email para onde enviar o processo é poucochinho e tem de adensar-se burocraticamente a coisa para dar o que fazer às pessoas…

Não fiquem a pensar que este é exemplo único ou sequer raro. Em muitas empresas de muitas indústrias isto acontece e basta falar com os respectivos responsáveis sobre o assunto.

Gravidez, por exemplo, é doença logo a partir do segundo mês de gestação. E o médico é que pergunta se a grávida quer baixa pois é absolutamente indiferente se esta precisa ou não de ir para casa.

A prática está instalada e ninguém se preocupa com a gigantesca fraude que está aqui legitimada por tanta gente: - desde o trabalhador que a pede, passando pelo médico que a passa e acabando no Estado, que não só não fiscaliza nada como opta por dificultar a vida dos que são prejudicados por este crime. Não esqueçamos algumas empresas, que concedem a estes aldrabões a possibilidade de ganhar mais um dinheirinho por fora, contratando-os e pagando-lhes sem recibo…