Carta aberta aos médicos

Senhores doutores, independentemente da razão que vos assiste para a vossa luta grevista, lembrem-se que quem sofre é o doente. Lembrem-se do vosso juramento de Hipócrates “a saúde do meu doente será a minha primeira preocupação”. Moderem a vossa forma de luta de modo a não prolongarem o sofrimento dos vossos doentes à espera que a greve chegue ao fim. Um cirurgia não realizada pode levar à morte do paciente. Uma consulta adiada pode agravar a saúde do doente. O encerramento das urgências nos hospitais é duma gravidade extrema que causa sofrimento e morte. Isso não vos pesa na consciência? Os utentes, velhos, mulheres grávidas e crianças, são os menos culpados nesta situação e são apanhado no fogo cruzado entre a vossa classe e o Governo. Muitos médicos são objetores de consciência em relação ao aborto, pois sejam-no também em relação ao sofrimento dos doentes. Já basta a gravidade de um SNS e o SRS que acumulam listas de espera para consultas e cirurgias, para serem agravados com a vossa greve sendo que o doente é o menos culpado e corre risco de morte ou agravamento de saúde. A vossa profissão e responsabilidade social não se equipara a um empregado de mesa, um mecânico, um eletricista ou um gestor, esses podem fazer-se esperar mas a morte… essa não espera. Repito, eu muitos cidadãos indignados com o desprezo pela saúde não estão a minimizar a vossa razão apenas pedimos que arranjem outra forma de luta.

Um cidadão preocupado com o bem mais precioso que o ser humano tem, a saúde.

Juvenal Rodrigues