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Investigador defende democratização da Inteligência Artificial

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O investigador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) Andrew McAfee defendeu hoje a democratização da Inteligência Artificial (IA), afirmando que está a cair-se na "armadilha de problematizar as novas tecnologias".

"No cômputo geral, penso que acontecem coisas boas quando democratizamos o acesso a ferramentas muito poderosas. Um contra-argumento que ouço de vez em quando é: Ah, sim, e as armas?. É um contra-argumento terrível. Como americano, não gosto da quantidade armas que existem nos Estados Unidos. As armas são ferramentas poderosas que servem para abrir buracos em coisas e destruí-las. Não é esse tipo de tecnologia de uso geral de que estamos a falar com a IA", salientou o cientista do MIT.

Andrew McAfee falava numa conferência de imprensa sobre o seu novo livro, "The Geek Way: The Radical Mindset that Drives Extraordinary Results", hoje publicado em Lisboa na Web Summit, que decorre até quinta-feira.

"Democratizar o acesso às armas é, a meu ver, uma péssima ideia. Democratizar o acesso à IA é uma ótima ideia. Coloco estas duas ferramentas em categorias distintas", realçou.

O também cofundador e codiretor da Iniciativa para Economia Digital do MIT observou os erros que se têm cometido.

"Penso que muitos dos meus colegas estão a cair na armadilha de problematizar as novas tecnologias em vez de as analisar. Penso que se trata de um exercício intelectualmente relativo e superficial e, a dada altura, deixa de ser útil. Qualquer um de nós pode sentar-se e fazer uma longa lista de coisas que podem correr mal em qualquer nova tecnologia", disse.

Exemplificando com a IA generativa, o especialista disse que há um conjunto de ferramentas digitais que "está a melhorar muito rapidamente", assistindo "a um florescimento de criatividade".

"Quando eu penso em pegar neste conjunto de ferramentas de IA generativa, penso (...) distribuí-lo a pessoas que não podem pagar as ferramentas atuais, pessoas que não têm acesso a 'software' de edição de vídeo topo de gama ou algo do género, ou pessoas que são altamente competentes num domínio, mas que não conseguem encontrar colegas para criar uma apresentação multimédia, uma série de televisão, um filme, um vídeo musical. Estamos a disponibilizar ferramentas incrivelmente poderosas a essas pessoas", assegurou.

Questionado sobre a propriedade intelectual, Andrew McAfee considerou ser um tema importante, mas que deve ser "resolvido principalmente nos tribunais".

"A investigação de que tenho conhecimento, que analisa os benefícios da utilização generalizada da IA, em geral, os resultados deixam-me muito otimista e realmente a favor de mais IA", sublinhou.

O investigador norte-americano manifestou-se ainda entusiasmado com a possibilidade de ter mais intervenções de algoritmos em algumas decisões importantes na sociedade, referindo, no entanto, que deve haver sempre "supervisão humana".

"Quando olho para o que estamos a fazer hoje, alegados especialistas humanos a tomar decisões importantes para a sociedade, mais quero que os algoritmos se envolvam mais profundamente. (...) Quando penso em decisões, por exemplo, no domínio da justiça penal, quer se trate de conceder liberdade condicional a pessoas ou de as deixar sair da prisão mais cedo, e depois vejo como essas decisões e os resultados melhoram quando envolvemos mais algoritmos e mais dados, fico muito entusiasmado", disse.

Andrew McAfee concluiu, no entanto, com uma ressalva: "Quero deixar bem claro que, especialmente no caso de decisões socialmente importantes, não quero que os algoritmos andem à solta sem intervenção humana ou supervisão humana. Em muitos casos, é uma má ideia".