Restauração com recorde de faturação

O sector da restauração, no Funchal, no primeiro semestre de 2023, registou pagamentos perto dos 77 milhões de euros, por parte de turistas europeus. Mais precisamente 76 800 000.

Representa um aumento de faturação de 29% em comparação a 2022. Pode parecer, à primeira vista, um aumento de faturação logo maior ganho para o sector, porém, se olharmos ao custo médio por refeição, assistimos a um aumento de 3,3%, significa que ficou abaixo da inflação registada (cerca de 7,3%). Chegamos então à conclusão que o sector da restauração perdeu faturação de 2022, para 2023. Em média, pois cada caso é um caso.

O sector da restauração no Funchal tem margem para aumentar os seus preços, no entanto, por força da perda do poder de compra dos madeirenses, os aumentos ficam abaixo da inflação. É aqui que me parece lógico, porém polémico, existir um menu para turistas e um menu para regionais, adaptar os preços de venda ao consumidor. Nada de novo aqui, assistimos a estas estratégias em vários destinos turísticos, é uma estratégia legítima com um foco no consumidor que está mais aberto a consumir e que possui um maior poder de compra. Também poderá seguir-se a opção de trabalhar só com o sector do turismo, contudo, mais arriscado pois em período de menor fulgor turístico, convém manter a faturação dentro da média e assim honrar os seus compromissos.

Com ganhos abaixo da inflação também fica difícil subir os salários dos trabalhadores, bem como conseguir mão-de-obra que aos dias de hoje está a ficar escassa. Claro que o aumento da  facturação abaixo da inflação não significa ter uma média salarial baixa, significa sim que para  existir um aumento salarial, as empresas vão abdicar de receita, cada empresa obviamente adapta-se à sua realidade, temos empresas que valorizam mais o trabalho em prol do lucro, outras empresas focam-se mais no lucro e menos no valor ao trabalho. Como tudo, o equilíbrio será o mais sensato, sem abdicar do lucro (importante quando falamos de investimento) mas ter  especial atenção ao esforço dos trabalhadores, sendo que um aumento salarial acima da inflação é um motivo extra para a produtividade subir e isso poderá, por certo, representar um acréscimo nas vendas.

O primeiro semestre no Funchal tem sido realmente de crescimento económico, a reboque do Turismo, sector chave em imensas atividades empresariais. Estamos a bater recordes de dormidas, também estamos com níveis de faturação em subida, desde a restauração, do alojamento, dos gastos em supermercado, entre outras rubricas. Saibamos capitalizar este bom momento económico, tanto em receita fiscal, como em receita económica, para melhorar a vida de todos os madeirenses e promover o investimento financeiro, que tanta falta faz à Região, e em concreto ao Funchal. Quanto mais investimento, mais desenvolvimento, mais crescimento e mais criação de riqueza.

João Filipe Abreu