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Turquia volta a atacar militantes curdos no Iraque em retaliação contra atentando em Ancara

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Foto: EPA

Aviões de guerra turcos lançaram hoje uma nova ronda de ataques aéreos contra alvos de militantes curdos no Iraque, horas depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros ter avisado que a Turquia iria atingir as posições do grupo militante na Síria e no Iraque.

O ataque turco surgiu em retaliação de um ataque suicida ocorrido no domingo, em Ancara.

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) reivindicou a responsabilidade pelo atentado de domingo no exterior do Ministério do Interior, em Ancara, no qual um dos atacantes se fez explodir e outro que pretendia ser bombista foi morto num tiroteio com a polícia. Dois polícias ficaram feridos no ataque.

Os jatos turcos atingiram hoje 22 posições suspeitas do PKK no norte do Iraque, destruindo grutas, abrigos e depósitos utilizados pelos militantes, informou o Ministério da Defesa turco.

O PKK mantém bases na região onde a direção tem um ponto de apoio.

Trata-se do terceiro ataque da força aérea turca contra supostos locais de militantes curdos no norte do Iraque após o ataque suicida, que ocorreu no momento em que o parlamento se preparava para reabrir após uma longa pausa de verão.

Entretanto, dezenas de pessoas suspeitas de ligações ao PKK foram detidas numa série de rusgas em toda a Turquia.

Ancara afirmou que um grande número de militantes do PKK foi "neutralizado" nos ataques.

Até ao momento, as autoridades curdas do Iraque não se pronunciaram.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Hakan Fidan, declarou numa conferência de imprensa que os serviços secretos turcos tinham determinado que os dois assaltantes tinham vindo da Síria, onde tinham sido treinados.

Fidan afirmou que a Turquia passará a ter como alvo as instalações do PKK na Síria e no Iraque ou o grupo de milícias curdas afiliado na Síria, conhecido como Unidades de Defesa do Povo (YPG).

"A partir de agora, todas as infraestruturas, superestruturas e instalações energéticas pertencentes ao PKK ou às YPG no Iraque e na Síria são alvos legítimos das nossas forças de segurança, forças armadas e elementos dos serviços secretos", afirmou Fidan.

"A resposta das nossas forças armadas a este ataque terrorista será extremamente clara, pelo que irão lamentar ter cometido tal ato", acrescentou.

Um comandante curdo sírio negou hoje que os atacantes de Ancara tenham sido treinados na Síria ou tenham entrado na Turquia a partir da Síria.

Mazloum Abdi, o comandante da Força Democrática Síria, apoiada pelos EUA e liderada pelos curdos, que controla grande parte do nordeste da Síria, escreveu na antiga rede Twitter que os autores do ataque em Ancara "não passaram" pelos nossos territórios.

A força liderada pelos curdos sírios é uma coligação de várias fações, incluindo o YPG.

"Não somos uma parte no conflito interno da Turquia", escreveu Abdi, acrescentando que a Turquia está à procura "de um pretexto para legitimar os seus contínuos ataques à região e para lançar uma nova agressão, que os preocupa.

Abdi, que é procurado pela Turquia por acusações de terrorismo, disse que atacar as infraestruturas e os alvos económicos no nordeste da Síria e nas cidades "é considerado um crime de guerra".

Mais tarde, Fidan participou numa reunião de segurança, não anunciada anteriormente, com o ministro do Interior, o ministro da Defesa, o comandante militar de topo e o chefe dos serviços secretos da Turquia, informou a agência estatal Anadolu.

O ministro iraquiano da Defesa, Thabet Muhammad Al-Abbasi, deveria visitar a Turquia na quinta-feira, informou ainda a agência.

O PKK conduziu uma insurreição de décadas na Turquia e é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Dezenas de milhares de pessoas morreram desde o início do conflito em 1984.

Entretanto, os serviços secretos turcos mataram um militante curdo procurado numa operação na Síria, informou hoje a agência estatal Anadolu.

Identificado como Nabo Kele Hayri, o militante, que também é conhecido por Mazlum Afrin, era procurado pelo seu alegado papel no planeamento de um ataque no ano passado na principal rua pedonal de Istambul, Istiklal, que matou seis pessoas.