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Ministro belga da Justiça demite-se na sequência do atentado em Bruxelas

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Foto EPA

O ministro da Justiça belga, Vincent Van Quickenborne, anunciou hoje a sua demissão do Governo, quatro dias após o atentado em Bruxelas perpetrado por um imigrante ilegal tunisino radicalizado que matou dois suecos.

Numa conferência de imprensa, o ministro explicou ter tido hoje conhecimento de que a Tunísia tinha pedido a extradição do autor do atentado, Abdesalem Lassoued, em agosto de 2022, um pedido que não foi tratado pelo Ministério Público de Bruxelas.

"O magistrado competente não deu seguimento a este pedido de extradição e o caso não foi tratado", sublinhou Van Quickenborne.

"Trata-se de um erro individual e monumental, um erro inaceitável com consequências dramáticas", acrescentou, afirmando que assumirá "a responsabilidade através da demissão".

"Não estou à procura de desculpas. Sinto que é meu dever fazê-lo. Esta nova informação, vinda do Ministério Público, toca-me profundamente, porque fiz tudo o que estava ao meu alcance para melhorar o nosso sistema de justiça", acrescentou.

O ataque de segunda-feira à noite, que ocorreu perto do centro de Bruxelas, pouco antes de um jogo de futebol entre a Bélgica e a Suécia, teve como alvo os adeptos suecos.

O atacante, um homem radicalizado cujo pedido de asilo tinha sido rejeitado e que tinha sido objeto de uma ordem de saída da Bélgica, nunca cumprida, matou dois dos adeptos a sangue frio, com uma espingarda automática AR-15. Feriu ainda um terceiro, antes de se pôr em fuga numa 'scooter'.

O tunisino de 45 anos foi encontrado na terça-feira de manhã num café do município de Schaerbeek, em Bruxelas, onde foi mortalmente atingido por tiros da polícia. A sua arma foi encontrada.

Abdesalem Lassoued era conhecido das autoridades belgas por uma série de crimes, incluindo ameaças de morte contra um requerente de asilo, de acordo com os tribunais, mas não constava da base de dados da agência belga de análise de ameaças terroristas (Ocam).

Após o atentado, Vincent Van Quickenborne limitou-se a indicar que a Bélgica tinha sido informada em 2016 "por um serviço de polícia estrangeiro" do perfil radicalizado de Lassoued, sem qualquer referência a antecedentes terroristas.

Antes de pedir asilo na Bélgica, onde disse ter chegado no final de 2015, o tunisino tinha apresentado pedidos semelhantes na Noruega, na Suécia e depois em Itália, pedidos que foram rejeitados em todas as ocasiões.