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Madeira

Bloco operatório do Hospital vai ter robot cirúrgico por 2,1 milhões de euros

Notícia já tinha sido divulgada pelo DIÁRIO a 24 de Setembro, mas agora oficializada no Jornal Oficial da Região

Exemplo de um robot cirúrgico usado em vários hospitais de topo em Portugal.   Foto DR
Exemplo de um robot cirúrgico usado em vários hospitais de topo em Portugal.   Foto DR

O Hospital Dr. Nélio Mendonça vai ter, em breve um robot cirúrgico que irá garantir a "extensão das mãos e olhos" do cirurgião. Vai custar cerca de 2,1 milhões de euros. Pelo menos esse é o valor da despesa do investimento público autorizado em Portaria publicada na passada quarta-feira.

A Portaria n.º 798/2023, de 27 de Setembro especifica que "Autoriza a distribuição dos encargos orçamentais relativos à aquisição de Robot Cirúrgico para o Bloco Operatório do Hospital Dr. Nélio Mendonça, com o preço base global de 2.100.000,00 EUR", mas será "acrescido de IVA" à taxa em vigor.

O encargo só deverá entrar no Orçamento da Região para 2024, sendo que a proposta de orçamento do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, EPERAM para o próximo ano, implica que o processo está em andamento acelerado e não tardará a ser concretizado.

A autorização da despesa foi da Secretaria Regional das Finanças, que tem a 'chave do cofre' público e da Secretaria Regional de Saúde e Proteção Civil, que tem a tutela do SESARAM. Contudo, a informação é escassa sobre que tipo de equipamento se trata.

No entanto, tendo em conta que o portal do SESARAM continua inoperacional, apenas apresentando uma página inicial com informação básica, por exemplo com todos os comunicados desde o ataque informático de 6 de Agosto - já lá vão quase dois meses -, pouco ou nenhum dado é possível extrair sobre este projecto. Mas há notícias sobre o mesmo.

'Recuperamos' uma nota divulgada a 16 de Janeiro de 2023, intitulada "Apresentação sistema robótico para a cirurgia". E acrescentava: "Decorre amanhã, dia 17, entre as 13h00 e as 14h00, na Sala de Conferências do Hospital Dr. Nélio Mendonça a apresentação do sistema robótico para a cirurgia minimamente invasiva e a sua utilização multidisciplinar. A sessão é aberta a toda a comunidade com interesse na matéria e não requer inscrição prévia."

A notícia foi divulgada pelo DIÁRIO nesse dia, conforme informação revelada pelo SESARAM.

Apresentação de plataforma robótica como ferramenta cirúrgica

Decorreu, hoje, na Sala de Conferências do Hospital Nélio Mendonça, uma sessão de apresentação de uma plataforma robotizada que permite a realização de cirurgias via robótica.

Também no domingo, 24 de Setembro, tínhamos divulgado uma notícia a propósito, que explicava melhor o investimento. "A cirurgia robótica será uma realidade na Região Autónoma da Madeira já no próximo ano, em 2024, com a aquisição de um Robô de última geração que trará avanços na prestação dos cuidados de saúde na Região Autónoma da Madeira, com cirurgias seguras, mais precisas, menos invasivas, e com maior conforto para os doentes", noticiámos.

"O Serviço de Saúde da RAM, SESARAM, EPERAM, já tem autorização financeira prévia da tutela para avançar com a aquisição de um sistema robótico até ao valor máximo de 2 milhões e 100 mil euros, acrescidos de IVA. A portaria de repartição de encargos financeiros foi já assinada, pelo Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil e pelo Secretário Regional das Finanças, e será publicada no Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira (JORAM)", calculava, sendo que "o apuramento do valor a investir resultou da consulta preliminar ao mercado que decorreu de 8 a 15 de setembro, para aquisição de um robô cirúrgico".

Mais, referia que "neste momento o SESARAM ultima o caderno de encargos para avançar em breve com a abertura do concurso público internacional". Assim, "o sistema robótico vai ficar instalado numa das salas do bloco operatório do Hospital Dr. Nélio Mendonça e vai beneficiar, numa primeira fase, as especialidades de Urologia, Cirurgia Geral, Ginecologia, Cirúrgica Torácica e, posteriormente, dependendo das características do equipamento, irá abranger a Cirurgia Pediátrica, Otorrinolaringologia, Cirurgia Cardíaca, entre outras".

E ainda demos conta que "o director do bloco operatório do SESARAM, EPERAM, Diogo Rijo, esta aquisição, trará benefícios para os doentes, mas também para os profissionais, pois terão acesso a tecnologias diferenciadas, que oferecem maior segurança e conforto durante as cirurgias, e melhores resultados clínicos". E finalizava: "O Serviço de Saúde da RAM continua empenhado na melhoria contínua da prestação dos cuidados de saúde prestados à população. A aquisição de um sistema robótico de última geração vai permitir assegurar mais e melhores cuidados aos cidadãos, com técnicas menos invasivas, com maior precisão e maior conforto para os doentes, com menor tempo de internamento, menos complicações e menos riscos".

Cirurgia Robótica em Portugal

Recentemente o Hospital de Santo António, no Porto, começou a realizar operações com cirurgia robótica à prótese do joelho, tendo em Maio estreado a primeira unidade em 'acção'. Esse robot, "cujo braço roda 360 graus e que se acredita que aumente a segurança da cirurgia, uma vez que este imobiliza se os olhos do cirurgião não estiverem no campo cirúrgico", explicava uma notícia do SNS.

"A cirurgia robótica existe há 20 anos e calcula-se que existam cerca de 6.000 robots cirúrgicos no mundo inteiro. Durante muitos anos, em Portugal e no SNS, só o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, dispunha de um robot cirúrgico oferecido por uma fundação", recorda-se no artigo.

"Recentemente, quer o Hospital de São João quer o de Santo António, ambos no Norte, anunciaram a compra de robots cirúrgicos ao abrigo de um programa criado pela atual tutela", tendo o ministro da Saúde avançado que "a robotização no SNS terá 'novos capítulos', prevendo-se o alargamento do programa 'a outros hospitais públicos', nomeadamente da região Centro e de Lisboa e Vale do Tejo". Tendo a Madeira o serviço de saúde regionalizado, faz sentido que seja a Região a pagar essa evolução.

"A vaga de inovação no SNS também ajuda a captar jovens profissionais", concluiu o governante Manuel Pizarro, algo que o seu homólogo madeirense Pedro Ramos também poderia dizer e até está já fazer. E este avanço decidido com um investimento avultado parece ir nesse sentido da inovação. E ainda nem temos um hospital novo.

O que é cirurgia robótica

Para saber o que é, socorremo-nos de um artigo da CUF que tem dedicado especial atenção a esta inovação tecnológica. Aliás, a imagem que este artigo tem é precisamente de um desses robots de uma das marcas de referência no mercado.

"O robot 'da Vinci Xi' é o modelo de última geração de sistemas cirúrgicos robóticos, que funciona como a 'extensão das mãos e olhos' do cirurgião. A imagem tridimensional, de alta definição, ampliada e estável deste robot permite ao médico, durante a cirurgia, ver de forma clara estruturas anatómicas e planos de disseção que antes via com dificuldade ou que não via de todo", explica-se.

"A realização da Cirurgia Robótica nas melhores condições implica blocos operatórios equipados com tecnologia moderna, equipas cirúrgicas competentes e experientes, com treino adequado e em que é central o papel do cirurgião, como acontece no Hospital CUF Tejo e Hospital CUF Porto", acrescentam.

"A Cirurgia Robótica é a evolução natural da cirurgia minimamente invasiva laparoscópica", garantem ainda, salientando que "o cirurgião opera através de pequenas incisões (5 a 12 mm), usando uma câmara com imagem tridimensional, ampliada e de alta definição e instrumentos miniaturizados, mais ágeis e precisos do que a mão humana".

Além disso, "a cirurgia robótica permite, pela primeira vez na história da cirurgia, a interposição de um dispositivo digital – na verdade, um computador – entre o cirurgião e o doente operado. Este facto abre um campo infinito de novas possibilidades e funções, aliás, ainda incompletamente exploradas pelos dispositivos existentes".

E vai mais longe ao reforçar que "a cirurgia robótica seria mais corretamente designada por cirurgia digital, uma vez que não permite, pelo menos ainda, qualquer automatismo – como seria inerente ao conceito de robótica. O cirurgião controla todo o procedimento". E conclui: "Os sistemas cirúrgicos robóticos, que têm melhor visão, maior destreza e maior amplitude de movimento do que um ser humano, permitem que o seu cirurgião realize com sucesso cirurgias complexas em locais de difícil acesso (mesmo para cirurgia aberta)."