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Governo do Reino Unido descarta devolução de esculturas do Pártenon à Grécia

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O governo do Reino Unido descartou hoje a devolução à Grécia dos frisos do Pártenon, em exibição no Museu Britânico de Londres, em reação aos relatos de órgãos de comunicação social de que estava a ser finalizado um acordo.

"Fui muito clara sobre isto, não acho que eles [os frisos] devem regressar à Grécia", defendeu a ministra da Cultura britânica, Michele Donelan, em declarações à estação BBC.

A responsável pela pasta da Cultura acrescentou que o presidente do Museu Britânico, George Osborne, também estará de acordo sobre a intenção de não devolver as esculturas e que estas "na verdade, pertencem ao Reino Unido".

Desde o início do século XX que a Grécia solicitou oficialmente a devolução de um friso de 75 metros destacado do Pártenon, bem como uma das famosas cariátides do Erecteion, um pequeno templo antigo também na Acrópole, obras-primas que se encontram no Museu Britânico.

As esculturas fazem parte um friso de 160 metros de comprimento que corria à volta das paredes exteriores do Templo do Parthenon na Acrópole, dedicado a Atena.

Grande parte do monumento perdeu-se num bombardeamento do século XVII, e cerca de metade das restantes obras foram removidas no início do século XIX por um diplomata britânico, Lord Elgin.

O Pártenon foi construído entre 447-432 a.C. e é considerado a coroa da arquitetura clássica. O friso retratava uma procissão em honra de Atena. Alguns pedaços pequenos desse friso - e outras esculturas do Pártenon - encontram-se noutros museus europeus.

Londres afirma que as esculturas foram "adquiridas legalmente" em 1802 pelo diplomata britânico, que as vendeu ao Museu Britânico.

Mas Atenas afirma que estas foram objeto de "pilhagem" enquanto o país estava sob ocupação otomana.

Em 04 de janeiro, o jornal britânico The Telegraph tinha noticiado que o presidente do museu estava em vias de fechar um acordo com Atenas para a devolução desses tesouros à Grécia, no âmbito de um empréstimo de longo prazo, um "intercâmbio cultural ", o que contornaria uma lei britânica que impedia o museu londrino de desmantelar o seu acervo.

"Considero que a perspetiva [de George Osborne] sobre o assunto foi mal interpretada e deturpada. Esta não é a sua intenção e não tem vontade de fazer isso", assegurou a ministra.

"A ideia para um empréstimo de 100 anos também surgiu, mas certamente que não é isso que ele está planear também", vincou.

A ministra disse temer que a devolução destas esculturas abra a "caixa de Pandora".

Nos últimos anos, aumentou a pressão para que os museus ocidentais devolvam obras, especialmente obtidas durante o período colonial, aos países de origem.