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Desigualdades brasileiras são ainda maiores para pessoas com deficiência

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Foto: ONSV

As desigualdades históricas no Brasil são ainda maiores para pessoas com deficiência, das quais apenas 28% estão no mercado de trabalho, segundo o relatório "Pessoas com deficiência e desigualdades sociais no Brasil", hoje divulgado.

O levantamento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), concluiu que os salários dos brasileiros portadores de deficiência que trabalham são 37,4% menores face aos das pessoas sem deficiência.

O menor acesso dos portadores de deficiência ao mercado laboral e aos serviços sociais como educação é retratado no relatório, que destacou ainda que 8,4% dos brasileiros com pelo menos 2 anos apresentam algum tipo de deficiência, o que equivale a cerca de 17 milhões de pessoas.

Apesar de representar menos de 10% da população, as pessoas com deficiência estão presentes em 20% das residências brasileiras, ou seja, num em cada cinco lares.

Enquanto 66,3% dos brasileiros sem deficiência estão no mercado laboral, ou seja, estão empregados ou procurando trabalho, essa percentagem cai para 28,3% para pessoas com deficiência.

"A taxa de participação no mercado de trabalho é menor para pessoas com deficiência em todas as faixas etárias, mas principalmente entre os 30 anos e 40 anos", disse Leonardo Athias, analista do IBGE responsável pelo estudo.

Enquanto o desemprego atinge 18,1% dos brasileiros com idade entre 14 anos e 29 anos sem deficiência, chega a 25,9% entre os portadores de deficiência.

"Esses índices indicam uma maior dificuldade em encontrar emprego, que pode ser causada pela falta de acessibilidade, no transporte para o trabalho ou no próprio local de trabalho, ou por preconceito", afirmou Athias.

Enquanto 51% dos trabalhadores sem deficiência tinham emprego formal, ou seja com contrato de trabalho, essa percentagem cai para 34,3% para os trabalhadores com deficiência.

"Eles têm dificuldade de entrar no mercado de trabalho e, quando o fazem, estão numa posição proporcionalmente mais informal, de menor qualidade e com menos direitos. Há também diferenças entre os tipos de deficiência. Para as pessoas com deficiência mental, o acesso para o mercado de trabalho é ainda mais difícil", concluiu o analista do IBGE.

A desigualdade também se reflete nos salários já que enquanto o rendimento médio mensal do trabalhador sem deficiência é de 2.619 reais (cerca de 512 euros), o do trabalhador com deficiência é limitado a 1.639 reais (cerca de 320 euros), valor 37,4% menor, no Brasil.