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Boris Johnson deixa crise do custo de vida para sucessor

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O "futuro primeiro-ministro" terá a seu cargo tomar medidas contra a crise do custo de vida, disse hoje o gabinete do chefe do executivo, o demissionário Boris Johnson, que está a ser responsabilizado pelo agravamento da situação económica.

O líder conservador, que deveria estar a chefiar o Governo de gestão, foi em lua-de-mel para a Eslovénia na semana passada, quando o banco central avisou que a inflação iria exceder os 13% no outono, mergulhando o Reino Unido na sua mais longa recessão desde a crise financeira de 2008.

O ministro das Finanças britânico, Nadhim Zahawi, também se encontrava longe de Londres.

"Por convenção, não cabe a este Primeiro-Ministro fazer grandes alterações orçamentais durante este período (provisório). Caberá ao futuro primeiro-ministro" fazê-lo, disse um porta-voz de Downing Street.

Boris Johnson demitiu-se no início de julho, após meses de escândalos. Os membros do Partido Conservador vão eleger em agosto o seu sucessor, que será anunciado em 05 de setembro.

Desde que anunciou a sua demissão, Boris Johnson já foi criticado por faltar a reuniões de crise durante a histórica onda de calor que atingiu o Reino Unido e por não receber as futebolistas inglesas depois da inédita vitória no campeonato europeu.

Em vez disso, celebrou o seu casamento com Carrie Johnson e na semana passada foi de férias para a Eslovénia, onde disse à televisão local que tinha passado um tempo "maravilhoso". "Tivemos uma lua-de-mel maravilhosa. Subimos todas as montanhas disponíveis, mergulhámos em lagos, andámos de bicicleta", disse.

"Uma crise económica como esta requer uma liderança forte e ação urgente, mas em vez disso temos um partido 'Tory' [Conservador] que perdeu o controlo", afirmou a deputada trabalhista Rachel Reeves.

"Tem de haver alguém no comando", disse Gordon Brown, ex-Primeiro-Ministro trabalhista, à ITV. "Há um vazio que precisa de ser preenchido".

"Se esperarmos pelo novo primeiro-ministro, será demasiado tarde", advertiu Brown, apelando a Boris Johnson e aos dois candidatos para o sucederem - Liz Truss e Rishi Sunak - para chegarem a acordo sobre medidas orçamentais de emergência.

"O Primeiro-Ministro deve reunir os dois candidatos nas próximas duas semanas para acordar uma solução e ajudar as pessoas e as empresas a pagar as suas contas de energia", disse Tony Danker, chefe do poderoso sindicato britânico do patronato CBI.

A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, pediu hoje numa carta uma reunião entre os chefes de governo das quatro nações britânicas para "acordar medidas urgentes para ajudar os mais necessitados".