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Guerra no norte da Etiópia agrava-se com nova frente junto ao Sudão

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Foto: UN News

A guerra entre o governo etíope e rebeldes da região norte de Tigray agravou-se com uma nova frente perto da fronteira com o Sudão, informou hoje o executivo federal, uma semana após o fim das tréguas desde março.

Em comunicado, o executivo de Adis Abeba afirmou que as forças da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), partido que governava a região antes do início do conflito armado, em novembro de 2020, "lançou uma ofensiva na direção de Wag, Wolqait e as nossas áreas de fronteira com o Sudão" na região vizinha de Amhara.

"As nossas heroicas forças de defesa nacional estão a defender-se desta invasão com plena preparação e determinação", sublinhou o executivo etíope, que diz não ter descartado as "opções de paz", apesar dos ataques do TPLF "em várias direções".

"Continuamos a exortar a comunidade internacional a fazer o que puder para pressionar o grupo beligerante a uma resolução pacífica do conflito", acrescentou.

A nota foi divulgada depois de a Tigray TV, controlada pela TPLF, ter informado que "o governo etíope realizou um ataque de 'drone' em Mekele (capital daquela região) na noite de ontem [terça feira]".

"O drone bombardeou três vezes, sendo o hospital de Mekele um dos seus alvos", informou a Tigray TV, sem relatar qualquer vítima.

"Ataque noturno de 'drones' em Mekele. Nenhum alvo militar concebível! Hospital de Mekele entre alvos, e pelo menos três bombas lançadas", escreveu o porta-voz da TPLF, Getachew Reda, na sua conta na rede social twitter.

O diretor- executivo do hospital de referência em Mekele, Kibrom Gebreselassie, afirmou no Twitter que houve um ataque com 'drones' "por volta da meia-noite" nas proximidades do hospital geral da capital Tigrin.

A agência espanhola Efe tentou entrar em contacto com o Governo etíope para obter a sua versão do ataque, mas não obteve resposta.

Na sexta-feira passada, quatro civis, entre eles duas crianças, morreram num ataque aéreo contra Mekele.

Esses eventos ocorreram depois de o Governo etíope e os rebeldes de Tigray terem retomado as hostilidades no dia 24, culpando-se mutuamente pela quebra do período de tréguas.

As Forças Armadas da TPLF acusaram o exército etíope de iniciar uma "ampla ofensiva" naquele dia no sul de Tigray com o apoio de tropas especiais e milícias da região vizinha de Amhara.

No entanto, o Governo etíope respondeu que as forças da TPLF "lançou um ataque" no sul de Tigray e "violou oficialmente o cessar-fogo com as suas ações".

Este regresso das duas partes aos confrontos é também um golpe nas tentativas que estavam a ser levadas a cabo para o início das conversações de paz entre o executivo liderado pelo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e a TPLF.

A guerra começou em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy ordenou uma ofensiva contra a TPLF em resposta a um ataque a uma base militar federal e após uma escalada de tensões políticas.

Milhares de pessoas morreram e cerca de dois milhões foram forçados a deixar as suas casas devido à violência.