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Apontar o dedo…

Em recentes dias, na Ilha Dourada, ouviram-se delírios sobre “autonomia” e “centralismo”, mas também com o sol de agosto, a probabilidade desse tipo de efeitos secundários ocorrer é maior.

Mas acima de tudo parece-me que ao povo, mais do que rótulos e definições, a resolução dos seus problemas diários é o que importa. E o tal dito e suposto “centralismo socialista” foi quem deu resposta à reposição de salários e subsídios de férias, aumento de pensões e do salário mínimo, criou o 1.º Direito para acesso à habitação (que hoje estabelece protocolos com municípios da RAM, para a construção de habitação), desdobrou os escalões de IRS (permitindo a famílias isenção de IRS ou redução de impostos sobre os seus salários, em especial na classe média), incrementou os descontos sobre o IRS jovem, criou a garantia para infância e aumentou o abono familiar, criou apoios aos emigrantes que regressam a Portugal, entre outras tantas medidas.

No momento da pandemia e confinamento, foram os socialistas que criaram o apoio às famílias, aos trabalhadores independentes e àqueles que não tinham qualquer proteção social, bem como às empresas e seus trabalhadores, através do Layoff Simplificado e na retoma progressiva da atividade.

O caricato é que há quem fale de subsidiodependência, mas tem sido o PSD-CDS, que têm procurado criar novas Casas do Povo, com apoios indiscriminados, pouco escrutinados e financiados pelo orçamento regional, que vem de todos os contribuintes. Por que razão não cria o próprio Governo Regional apoios com critérios, acessíveis a todos de igual forma, a partir do Instituto de Segurança Social? Precisa mesmo das Casas do Povo para atribuir esses apoios? Se é por uma questão de proximidade, existem as autarquias que podem facilitar esse processo e que são escrutinadas.

Recordo que na Madeira, ainda foram os socialistas que, na República, desbloquearam o apoio financeiro para o novo Hospital, uma matéria que era somente da responsabilidade regional e que há anos se arrastava, por conta da inércia do Governo Social Democrata, os tais que se dizem autonomistas. Foram os Socialistas que também quadruplicaram o valor de plafond do subsídio de mobilidade.

Desde muito jovem que recordo de me dizerem que se aponto um dedo, para não me esquecer dos outros tantos, na minha mão, apontados para mim. Assim é com o PSD, aponta o dedo para o inimigo externo, mas esquece-se do que tem a fazer e do que está ao seu alcance. Temos a mais elevada taxa de risco de pobreza, temos a mais elevada taxa de desemprego, somos uma região que não tem materiais escolares gratuitos (como ocorre no Continente), não temos resposta para as listas de espera, e estamos longe de ser a terra das oportunidades como apregoa o Governo Regional, mas infelizmente ainda continuam a apontar o dedo.

Sem com isto falar, que para o PS ser autonomista é também aplicar o máximo de diferencial fiscal, 30% é que poderia ser aplicado, tal como é feito nos Açores. Mas o Governo Regional não opta por este caminho e continua a subtrair rendimentos às famílias, pagando estas assim mais impostos.

Enfim, se hoje temos uma região com mais pobreza, desemprego, menor poder de compra e maior desigualdade social, a culpa não é do PS, mas sim das políticas adotadas por uma governação social democrata nestes últimos 46 anos.