Cada segundo é uma nova oportunidade para melhorar

Há coisas que nos ultrapassam, mas que ferem a nossa sensibilidade e vão gerando feridas que teimam em cicatrizar.

Quando a Saúde é centrada nas finanças e não no doente, o desencanto, a desmotivação e a indignação das pessoas aumenta e aumenta também o descrédito num sistema que nos devia proteger. É fundamental tratar as pessoas com dignidade e respeito. Jamais se deveria assistir a alguém, profundamente fragilizado, implorar por cuidados de saúde que lhe são devidos, independentemente da sua cor, raça, credo ou condição económica.

Mas lamentavelmente, assistimos. Não, num país longínquo. Aqui, bem pertinho de nós.

Só se compreende que seja por razões economicistas que, doentes oncológicos ou outros, com tratamentos prévia e periodicamente agendados, facultados fora da sua área de residência (Funchal), se vejam confrontados, sistematicamente, com reticências e até alguma relutância na obtenção da credencial necessária para a sua deslocação, que lhe confere e ao seu acompanhante o acesso gratuito ao transporte, ao alojamento e alimentação, assegurando pela S. S. durante o período de tratamento. Estas credenciais, segundo julgo saber, são passadas pelos médicos de família respectivos e assinadas /autorizadas pelo director da Unidade de Saúde. Contudo, há alguns médicos que deixam transparecer algum receio em viabilizá-las. Por quê?

Como se compreende que doentes neste estado de saúde, cujos procedimentos inerentes à sua condição já se tornaram rotina, sejam sujeitos ao mesmo tipo de perguntas como se fosse a primeira vez naquela situação? Por que se insinua, por palavras ou actos que alguns (acompanhantes) se aproveitem das circunstâncias para ir passear? Desconhecem que há exames e tratamentos com alguma complexidade em que o doente precisa de estar acompanhado? Não é por capricho. É por necessidade. Premente.

Por que não se facilita a vida a esta gente ao invés de complicá-la? Há alguns que querem desistir pois sentem - se cansados da pressão a que são sujeitos, da falta de compreensão e humildade por parte de muitos que os atendem.

Por que não se resolvem as coisas rápida e eficazmente?

Receberão ordens superiores para contenção de gastos? Se é o dinheiro o móbil da questão, há muita forma de poupar sem sacrificar quem mais precisa. A começar por diminuir o número de funcionários em excesso e, ou, substituir os que emperram os serviços por outros que desempenhem as suas funções com competência, brio e humildade.

Fazem - se tantos estudos, tantos inquéritos que não levam a qualquer conclusão válida e que custam balúrdios ao erário. Experimentem consultar a população anónima, sem custos, sobre este ou outros assuntos relacionados com a Saúde e, por ventura, terão alguma surpresa. Ou não.

“Podemos não conseguir fazer muito para resolver algumas das crueldades do mundo, mas podemos sempre melhorar aquilo que depende de nós”.

Madalena Castro