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Dados sobre interferência estrangeira em eleições nos EUA valem recompensa de EUR 9,8 milhões de euros

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O Governo dos Estados Unidos está a oferecer uma recompensa de até 10 milhões de dólares (cerca de 9,8 milhões de euros) por informações sobre interferências estrangeiras nas eleições norte-americanas.

Recentemente, as agências de informação FBI e NSA denunciaram a existência de provas da intenção de Rússia, China e Irão pretenderem interferir nas eleições nos Estados Unidos, procurando influenciar resultados e descredibilizar o sistema eleitoral.

Esta semana, o Departamento de Estado norte-americano anunciou uma recompensa a quem dê informações que levem à identificação ou localização de qualquer pessoa estrangeira que se tenha envolvido em interferências nas eleições nos Estados Unidos.

O Governo norte-americano justifica esta medida no âmbito de "esforços alargados para garantir a segurança e integridade das eleições, bem como assegurar mecanismos contra a interferência estrangeira", depois de agências de informações terem alertado para novas ameaças já para as eleições intercalares no final deste ano.

As autoridades norte-americanas indicam mesmo alvos que estão a ser monitorizados por suspeita de envolvimento nestas ações subversivas.

"O Departamento procura informações sobre a Internet Research Agency LLC (IRA), o (cidadão russo) Yevgeniy Viktorovich Prigozhin e entidades e associados vinculados pelo seu envolvimento na interferência eleitoral nos EUA", disse a diplomacia norte-americana, em comunicado.

A IRA é uma agência russa acusada de se ter envolvido em operações de interferência política e eleitoral, pelo menos desde 2014 e, em particular, nas eleições presidenciais de 2016, que deram a vitória ao ex-Presidente Donald Trump.

Yevgeniy Viktorovich Prigozhin é um cidadão russo que forneceu financiamento à IRA através de diversas empresas que controla.

Para o Departamento de Estado, esta empresa e este cidadão russo "conspiraram intencionalmente em ações fraudulentas nos Estados Unidos, prejudicando e obstruindo as funções legais do Governo, com o objetivo de interferir nos processos políticos e eleitorais, incluindo a eleição presidencial de 2016".

Na sexta-feira, o Departamento de Justiça norte-americano acusou um agente russo de utilizar grupos políticos e recrutar cidadãos norte-americanos para promover propaganda pró-Rússia nos Estados Unidos, inclusive durante a invasão russa na Ucrânia.

Aleksandr Viktorovich Ionov está acusado, num processo entregue ao tribunal federal da Florida, de conspirar para que cidadãos norte-americanos atuem como agentes ilegais do governo russo.

O Departamento do Tesouro dos EUA também anunciou hoje sanções contra Ionov, acusando-o de dar dinheiro a organizações que considerava, juntamente com os serviços de inteligência russos, que poderiam criar um distúrbio político nos EUA.

Segundo a acusação, também procuraram formas de apoiar um candidato a governador em 2022, embora não tenha sido especificado qual.

"Ionov terá alegadamente orquestrado uma campanha de influência descarada, transformando grupos políticos e cidadãos dos EUA em instrumentos do governo russo", sublinhou o procurador-geral assistente Matthew Olsen, chefe da Divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça, citado num comunicado.

Este caso faz parte de uma repressão muito mais ampla do Departamento de Justiça às operações de influência estrangeira destinadas a moldar a opinião pública nos EUA.

Em 2018, por exemplo, o Departamento de Justiça acusou 12 cidadãos russos de participarem numa gigante campanha nas redes sociais, de forma oculta, destinada a semear discórdia durante as eleições presidenciais de 2016, conquistadas pelo republicano Donald Trump.