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Presidente sul-africano nega ter subornado assaltantes

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FOTO EPA/KIM LUDBROOK

O Presidente sul-africano negou ontem ter comprado o silêncio dos assaltantes que depararam com 3,8 milhões de euros "escondidos" numa das suas propriedades, acusações que o visam numa queixa apresentada pelo ex-chefe dos serviços secretos.

"As acusações de atos criminosos contra o Presidente Ramaphosa são infundadas", disse a Presidência em comunicado.

Arthur Fraser, chefe dos serviços de informações sul-africanos até 2018, apresentou uma queixa na quarta-feira por "sequestro" e "corrupção".

Aquele antigo dirigente acusa o chefe de Estado de ter "ocultado" um assalto datado de fevereiro de 2020, durante o qual teriam sido roubados o equivalente a 3,8 milhões de euros "escondidos" numa propriedade que lhe pertence.

Para Arthur Fraser, o Presidente é culpado de "obstrução à justiça" e de ter organizado "o sequestro de suspeitos, o interrogatório destes na sua propriedade e da compra do silêncio destes".

A Presidência confirmou "um assalto à mão armada" na residência de Ramaphosa no Limpopo (nordeste), "durante o qual foram roubados os rendimentos da venda de caça".

Cyril Ramaphosa, que participava numa cimeira da União Africana em Adis Abeba, não estava presente no momento do assalto.

"Depois de ser informado do roubo, o Presidente Ramaphosa comunicou o incidente ao chefe da unidade de proteção presidencial da polícia, para investigação", continua a Presidência, assegurando que o chefe de Estado "está pronto a cooperar com a polícia".

Depois de uma carreira nos serviços secretos, Arthur Fraser assumiu a chefia dos serviços prisionais.

Dois meses após a prisão do ex-presidente Jacob Zuma em julho de 2021, por desacato à justiça, Arthur Fraser decidiu libertá-lo por razões médicas.

Principal opositor político de Ramaphosa dentro do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido histórico no poder, Zuma foi forçado a renunciar ao cargo em 2018 após uma série de escândalos de corrupção.

No seu comunicado, a Presidência reitera que Cyril Ramaphosa "continua determinado no combate à corrupção" e lamenta o que classifica como "campanhas de desinformação".

O ANC deve decidir até dezembro se mantém ou não Ramaphosa como candidato presidencial nas eleições de 2024.