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Fome atinge 16,7 milhões de pessoas no Corno de África

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Cerca de 16,7 milhões de pessoas sofrem de "elevada insegurança alimentar grave" na região do Corno de África, número que pode subir para 20 milhões em setembro, alertaram hoje mais de uma dúzia de organizações humanitárias e agências meteorológicas.

Após quatro estações chuvosas mal sucedidas, as previsões apontam para uma quinta - entre outubro e dezembro deste ano -- em que poderá voltar a escassear, agravando a crise humanitária na região, segundo um comunicado do Programa Alimentar Mundial (PAM) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), entre outros.

"Se essas previsões se concretizarem, a já grave emergência humanitária na região aprofundar-se-á ainda mais", alertam as organizações.

De acordo com as últimas análises de abril, na Somália, um dos países atingidos pela seca -- juntamente com o Quénia e a Etiópia -, pelo menos 80.000 pessoas sofrem de "fome extrema", o que equivale ao pior cenário previsto pelo IPC, uma escala internacional que mede a insegurança alimentar em cinco fases.

A seca também afetou o gado: cerca de 1,5 milhões de animais morreram no Quénia e 2,1 milhões na Etiópia, depois de a estação chuvosa de março a maio ter sido a maior desde que há registos.

Da mesma forma, a Unidade de Análise de Segurança Alimentar e Nutricional da Somália (FSNAU) - que depende da ONU - e a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado da Fome estimam que uma em cada três cabeças de gado morreu na Somália desde meados de 2021.

De acordo com as previsões, "nas áreas cultivadas, as colheitas voltarão a ser bem abaixo da média, o que causará uma dependência prolongada dos mercados, onde as famílias terão acesso limitado aos alimentos devido ao aumento dos preços".

Etiópia, Quénia e Somália também registaram um aumento no número de crianças que sofrem de desnutrição grave no primeiro trimestre de 2022, em comparação com anos anteriores.

Os efeitos da seca foram agravados pelos conflitos na região e pela pandemia de covid-19.

Além disso, a invasão russa da Ucrânia não apenas causou um aumento no preço dos alimentos, combustíveis e outros produtos, mas também causou uma queda na ajuda internacional depois de muitos doadores terem cortado o seu financiamento em favor do país europeu.