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Marcelo apoia empresárias timorenses e quer mais mulheres nas empresas em Portugal

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Foto EPA/ANTONIO DASIPARU

O Presidente da República encontrou-se hoje em Díli com empresárias timorenses, a quem manifestou apoio, e defendeu que já deveria haver mais mulheres em posições de destaque no setor empresarial português, em particular nas grandes empresas.

Nas novas instalações da Embaixada de Portugal em Díli, que hoje inaugurou, Marcelo Rebelo de Sousa conheceu o trabalho da Associação Empresarial das Mulheres de Timor-Leste e visitou uma exposição sobre o papel das mulheres neste país.

A presidente desta associação, Hergui Fernandes Alves, agradeceu-lhe por "empoderar e encorajar as mulheres em todas as vertentes" e por este gesto de apoio às mulheres de Timor-Leste: "Sentimos esse apoio, por partilhar momentos como este connosco, dando-nos força e coragem para continuar a libertar as mulheres da pobreza extrema, da dependência económica".

"Não queremos ser meras observadoras do desenvolvimento do país, mas sim ser parte integrante. Hoje, 50% da população de Timor-Leste são mulheres. Lutamos para que possam ser economicamente ser fortes, firmes no combate a preconceitos, violência e discriminação", afirmou.

A seguir, numa curta intervenção nesta ocasião, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "há muito a fazer, muito, muito a fazer para transformar a cultura cívica, a mentalidade" no que respeita à igualdade entre mulheres e homens.

"A mentalidade muda de uma forma muito lenta. E por isso é para mim uma razão de grande reconhecimento e de admiração a vossa iniciativa, o vosso dinamismo, a vossa diversidade", declarou.

Referindo que "as discriminações surgem logo nos primeiros anos" de vida, o chefe de Estado congratulou-se por esta associação timorense ser constituída por "um grupo muito jovem" de mulheres, observando: "Quanto mais cedo começar, melhor".

Sobre a situação das mulheres em termos globais, Marcelo Rebelo de Sousa saudou "a mudança que se deu, começada no século XX, mas acelerada no século XXI", realçando, porém, que "não se deu à mesma velocidade em todas as sociedades".

Relativamente a Portugal, salientou "a viragem que se deu" na educação nas últimas décadas e a "transformação enorme" na frequência do ensino superior, com cada vez mais mulheres, "das ciências às letras", o que "passou para a Administração Pública".

"Para a política, tem dias. Quer dizer, há ciclos políticos bons e outros maus. Este não é dos melhores em Portugal", considerou, assinalando mais uma vez que "o número de líderes presidentes de câmara diminuiu" nas últimas eleições autárquicas. "Isso não é bom", lamentou.

Segundo o Presidente da República, "o pior é no domínio empresarial -- não nas pequenas e médias empresas (PME), que está a mudar muito rapidamente, mas quando chega às posições nas grandes empresas".

"Nas grandes empresas industriais, agrícolas, banca, seguros, serviços, aí ainda, mesmo onde se reconhece que a mulher é melhor, há assim uma espécie de relutância ou timidez. Não é timidez, é permanência cultural", apontou.

O chefe de Estado elogiou a embaixadora de Portugal em Timor-Leste, Manuela Freitas Bairos, por ser "aliada" desta iniciativa.

"É mais uma aliança entre Timor-Leste e Portugal, Portugal e Timor-Leste. E tudo o que entenderem que pode ser ajudado, pode ser apoiado nas ligações também com as empresárias portuguesas ou o setor empresarial português, as portas estão abertas", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se a Timor-Leste especialmente para as cerimónias oficiais dos 20 anos da restauração da independência e de posse do novo Presidente timorense, José Ramos-Horta, nas quais representou o Estado português e as instituições europeias.

Esta é a sua primeira visita oficial a Timor-Leste, com um programa dividido por três dias, entre quinta-feira e sábado. O chefe de Estado regressa a Portugal no domingo.